Havia grande expectativa sobre o tom que a presidente Dilma Rousseff usaria na sua defesa no Senado. O discurso foi bom, menos emocional do que se esperava, mas insuficiente para alterar o posicionamento dos senadores.
Nas perguntas, como esperado, Dilma foi confusa. Quase sempre se esquivando das respostas. Demonstrando prever o resultado, Dilma afirmou que “estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado”. Em seu discurso, usou a palavra golpe nove vezes. Em resposta à senadora Ana Amélia (PP-RS), a presidente afastada afirmou que está sendo alvo de um “golpe parlamentar”.
Há alguns dias, Dilma havia proposto um plebiscito para novas eleições. Foi criticada por seu partido. Mesmo assim insistiu no tema. Ao final de seu discurso, a presidente afastada fez um apelo aos senadores para que votassem contra o impeachment. Disse que será eternamente grata àqueles que votarem a seu favor. Quem a conhece não acreditou.
Foi possível perceber um movimento mais em defesa “de seu governo” que do PT ou de Lula. Dilma tratou de tentar defender o seu “legado” do que o do seu partido. Começa a se desenhar claramente uma dissociação de Dilma em relação ao seu partido e ao ex-presidente.
A expectativa é que o julgamento seja concluído na madrugada de terça para quarta-feira. Amanhã (30) terá a fase de debate entre os senadores. Cada um terá 10 minutos para falar. Em seguida, terá o início do processo de votação, que será nominal e aberta. Para aprovar o impeachment são necessários 54 votos.