O empresário João Doria e o vereador Andrea Matarazzo disputarão o segundo turno das prévias do PSDB que escolherá o candidato do partido à prefeitura de São Paulo (SP). A nova votação ocorrerá no dia 20 de março. No primeiro turno realizado ontem (28), Doria obteve 43,13% dos votos válidos contra 32,89% de Matarazzo. Em terceiro lugar ficou com o deputado federal Ricardo Tripoli com 22,31%.
As prévias do PSDB mostraram um partido dividido em São Paulo (SP). O vereador Andrea Matarazzo teve o apoio do ex-presidente FHC, dos senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira, e do ex-governador Alberto Goldman. Já o empresário João Doria Júnior teve o governador Geraldo Alckmin como seu padrinho, enquanto o deputado federal Ricardo Tripoli contou com o apoio do deputado federal Bruno Covas e do presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Anibal, além da simpatia do presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves.
O segundo turno das prévias entre Doria x Matarazzo promete ser bastante acirrado. Nessa disputa, Tripoli deve ser o chamado “fiel da balança”. Embora ainda não tenha anunciado quem irá apoiar, Tripoli tem mais afinidade com Matarazzo.
Doria x Matarazzo e Geraldo Alckmin x José Serra
A disputa entre Doria x Matarazzo, que está dividindo os tucanos, representa a reedição do embate interno no PSDB paulista entre Geraldo Alckmin x José Serra.
A última divisão do PSDB na capital paulista havia ocorrido nas eleições municipais de 2008, quando o então governador José Serra optou pela “neutralidade”, o que acabou beneficiando o então prefeito Gilberto Kassab (na época filiado ao DEM e hoje no PSD), que acabou se reelegendo. Naquela disputa, Geraldo Alckmin foi o candidato do PSDB, mas acabou derrotado ainda no primeiro turno.
No entanto, José Serra e Geraldo Alckmin se reaproximaram em 2009, quando Alckmin assumiu a secretaria estadual de Desenvolvimento, o que lhe deu visibilidade para se eleger novamente governador de SP em 2010. Serra, na época governador, disputou o Palácio do Planalto e acabou derrotado por Dilma Rousseff.
O acordo entre Serra e Alckmin firmado em 2009 serviu para o diretório paulista manter o controle do PSDB nacional, impedindo que o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, fosse o candidato do partido a presidente.
O entendimento entre José Serra e Geraldo Alckmin prosseguiu nas eleições de 2014, quando Alckmin reelegeu-se governador e Serra elegeu-se para o Senado na mesma chapa.
Porém, o fato de Serra e Alckmin terem ficado em lados opostos nas prévias deste ano na capital paulista mostra novamente um embate entre eles.
Embora Aécio Neves desponte hoje como o candidato natural do PSDB ao Palácio do Planalto, José Serra e Geraldo Alckmin ainda alimentam o sonho de disputar novamente a eleição presidencial de 2018. Aliás, não foi por acaso que nas prévias do último domingo (28), Alckmin defendeu a realização de prévias para a definição do candidato tucano em 2018.
Mesmo com o controle que Aécio dispõe sobre o PSDB nacional, Alckmin e Serra também estão no jogo. Apesar de Alckmin poder ser candidato a senador e Serra a governador de SP, ambos não devem desistir facilmente da candidatura presidencial.
A resolução dessa questão interna é fundamental para o PSDB, pois também existe a possibilidade de Serra migrar para o PMDB e Alckmin se filiar ao PSB com o objetivo de disputar a presidência, fato que pulverizaria o voto de oposição ao PT no país e traria consequências negativas ao projeto tucano de retomar o comando do Planalto.