O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e os deputados federais Alessandro Molon (REDE) e Jandira Feghali (PCdoB) fecharam, na sexta-feira (03), um acordo de apoio mútuo num eventual segundo turno nas eleições no Rio de Janeiro (RJ).
Apesar de disputarem a mesma fatia do eleitorado fluminense, Freixo, Molon e Jandira descartaram a construção da chamada frente de esquerda já no primeiro turno.
O PT, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, rompeu a aliança com o PMDB em torno do ex-secretário municipal de Governo, Pedro Paulo (PMDB), candidato do atual prefeito Eduardo Paes (PMDB). Os petistas apoiarão a candidatura de Jandira Feghali na capital.
Candidatos pelo REDE, Alessandro Molon conversará, nesta semana, com PV e PPS em busca de aliados. Já Marcelo Freixo, terá pouco aliados. Sua coligação deve ficar restrita a partidos de esquerda como PSTU e PCB.
Embora os candidatos de esquerda tenham se comprometido a estarem juntos num hipotético segundo turno, a divisão entre eles é negativa aos seus interesses.
Nas últimas três eleições na capital fluminense, a divisão da esquerda nunca foi vantajosa para esse campo.
Em 2004, César Maia (PFL, hoje DEM) reelegeu-se prefeito em primeiro turno com 50,10% dos votos válidos. Marcelo Crivella (filiado ao PL, hoje PR, naquela oportunidade) fez 21,80% e ficou em segundo lugar. Jandira Feghali (PCdoB) somou 6,9%, Jorge Bittar (PT) obteve 6,3% e Nilo Batista (PDT) conquistou 1,4%. Dividida em três candidaturas, o melhor candidato de esquerda (Jandira) fez menos de 7% dos votos válidos.
Nas eleições de 2008, Eduardo Paes (PMDB) teve 31,98% dos votos válidos no primeiro turno. Fernando Gabeira (PV) foi o segundo colocado com 25,61%. Marcelo Crivella (PRB) contabilizou 19,06%. Jandira Feghali (PCdoB) teve 9,79%, Alessandro Molon (então filiado ao PT) somou 4,97% e Paulo Ramos (PDT) fez 1,80%. No segundo turno, Paes venceu Gabeira por 50,83% a 49,17%. Embora tenha melhorado seu desempenho na comparação com 2008, Jandira obteve menos de 10% dos votos válidos. Mais uma vez dividida, a esquerda saiu derrotada.
Em 2012, Eduardo Paes reelegeu-se em primeiro turno com 64,60% dos votos válidos. Nessa disputa, PT, PDT e PCdoB apoiaram Paes. Marcelo Freixo (PSOL), como único candidato da esquerda, ficou em segundo lugar com 28,15%.
Além de enfrentar a máquina do PMDB, que administra o governo do Estado desde 2007 e a prefeitura desde 2009, Freixo, Molon e Jandira terão Marcelo Crivella como obstáculo. Crivella possui um importante recall. Foi candidato a prefeito em 2004 e 2008, a governador em 2006 e 2014, e ao Senado em 2010. Ou seja disputou cinco das últimas eleições.
Como há duas candidaturas fortes no tabuleiro (Pedro Paulo-PMDB e o senador Marcelo Crivella-PRB, hoje líder das pesquisas), a divisão da esquerda, conforme podemos ver no histórico eleitoral do Rio, enfraquece Freixo, Molon e Jandira. O cenário pode ficar ainda mais adverso as esquerdas caso o senador Romário (PSB-RJ) também resolva ser candidato.
Embora Marcelo Crivella lidere as pesquisas, Pedro Paulo também é um nome competitivo. Romário também possui bom potencial. Caso Crivella e Romário estejam juntos, a chapa ficaria muito forte. Romário também pode ser importante para o PMDB, caso o PSB não apoie Crivella e opte pela coligação com Pedro Paulo.