A delação de Sérgio Machado envolvendo Michel Temer cria um grande constrangimento para o presidente. É desgastante e gera muito desconforto. Entretanto, é preciso relativizar seu conteúdo e impacto sobre Temer.
E agora, Temer?
Machado afirma que o presidente teria pedido uma doação oficial para a campanha de Gabriel Chalita para a eleição municipal de São Paulo em 2012. A afirmação de que o pedido foi por uma doação oficial retira o peso da informação. Sérgio Machado diz que o contexto do pedido deixava claro que o presidente interino estava ajustando pedido de doações de recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para Chalita. É uma informação vaga de difícil comprovação.
O conteúdo da delação aumenta o nível de tensão no Congresso, mas não terá o efeito de interferir nas votações de curto prazo. Também intensifica a batalha entre governo e oposição na Comissão do Impeachment. O PT, além de conseguir mais munição contra Temer, se sentirá ainda mais motivado a agir para prorrogar o máximo possível os trabalhos da comissão. O Palácio do Planalto tentará agilizar o máximo possível o processo.
Outro impacto relevante é que as informações divulgadas mantêm o noticiário com viés negativo e interferem no humor dos senadores que estão indecisos. A tendência é que eles adiem ainda mais o posicionamento final sobre o processo.
O líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), disse que o partido deverá protocolar um pedido para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue a citação do presidente em exercício, Michel Temer, feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em delação premiada. Ainda de acordo com o deputado, a legenda também pode apresentar um novo pedido de impeachment do peemedebista com base nessa citação. A chance de que tal pedido prospere é muito pequena.