Cai risco do impeachment


Por conta de uma combinação de fatores, o risco de abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff caiu de 50% para 40%. Os fatos que compõem a nova realidade são os seguintes:

  1. o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não tomará qualquer decisão este ano sobre o assunto. Ele jogou a decisão para o ano que vem e, considerando seu interesse em sobreviver politicamente, aguarda o apoio do governo para não ser cassado. Portanto, qualquer decisão sobre o impeachment será tomada a partir dos desdobramentos que ele enfrentará na Comissão de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar;
  2. não existe pressão popular suficiente para a abertura de processo. Os protestos perderam força e os movimentos pró-impeachment estão desmobilizados. A última manifestação, em 15 de novembro, foi um fracasso retumbante, mostrando que não há caldo de cultura nem crise econômica suficiente para gerar grandes manifestações;
  3. a oposição, depois que se afastou de Cunha, também avalia que o assunto perdeu consistência e aguarda fatos novos para voltar à carga. Em especial, no que toca ao processo contra o deputado no Conselho de Ética;
  4. o governo, ao aprovar projetos importantes e evitar, ainda que com dificuldade, que vetos da presidente fossem derrubados mostrou capacidade de articulação mínima suficiente para impedir que um processo de impeachment seja aberto em plenário (Continua);
  5. o Senado não deve dar andamento rápido à análise das contas do governo de 2014. É um tema que somente voltará à pauta após o carnaval. Até lá, salvo fato extraordinário, ficará meio adormecido;
  6. finalmente, o governo parou de falar em impeachment. Ao deixar de lado a questão, o governo contribuiu para reduzir a exposição do tema na mídia.

A situação, no entanto, é de cautela. Primeiro, porque o pedido ainda está na mesa de Cunha. Sua decisão está condicionada ao processo que tramita contra ele no Conselho de Ética e ao posicionamento dos partidos políticos quanto ao assunto, em especial o PT. Segundo, porque o apoio do governo no Congresso permanece frágil. As votações dos vetos revelaram índices alarmantes de infiéis na base aliada.

Outro aspecto que merece atenção é o comportamento da economia. Conforme já alertamos anteriormente, 2016 será um ano difícil. A previsão é que o desemprego supere a casa dos 10% e que a economia tenha uma retração de 3,5%. Esse cenário pode aumentar a insatisfação popular e motivar a volta de protestos nas ruas, intensificando a pressão política contra a presidente.

Postagens relacionadas

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Institutos de pesquisa confrontam os likes do Twitter de Bolsonaro

Possível liberação do aborto de fetos com microcefalia pelo STF é criticada na CAS

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Saiba mais