Nas últimas duas semanas, acompanhei com redobrado interesse notícias sobre a retomada do crescimento econômico em todas as modalidades de mídia. Comecei no dia em que o dólar caiu e a Bolsa subiu, numa espécie de impulso diante do cenário geral, marcado por novo ânimo desde que o Congresso voltou do recesso.
De cabeça, lembro-me em detalhes de duas reportagens do “Jornal Nacional” nos dias 16 e 17. A primeira anunciou a construção do campus da escola de inglês Avenues, de Nova York, numa área de 40 mil metros quadrados na Cidade Jardim, em São Paulo, com investimentos de R$ 152 milhões.
A segunda matéria informou que, pela primeira vez (janeiro), a indústria paulista – que cortou 518 mil cargos nos últimos três anos – contratou mais do que demitiu. Segundo a pesquisa, foram criados 6.500 empregos, sendo que 68% dos setores avaliados apresentaram resultados positivos, destacando-se artigos de borracha, plásticos, acessórios e embalagens.
Há outro dado importante: o governo prepara-se para anunciar um pacote destinado a atrair R$ 371,2 bilhões em investimentos privados ao longo dos próximos dez anos. As decisões serão tomadas nos setores de venda de terras para estrangeiros, mudanças nas regras de petróleo e gás, renovação antecipada de concessões, telecomunicações e construção civil.
A informação mais importante de todas até aqui é sobre o desempenho do agrobusiness, o pilar mais vigoroso da economia. As estimativas de janeiro do IBGE para a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2017 apontam para uma produção recorde de 221,4 milhões de toneladas, com crescimento de 20,3% em relação ao total de 2016. A área a ser colhida é estimada em 59,9 milhões de hectares, 4,9% à frente dos 57,1 milhões de hectares do ano passado.
Esse rico material informativo, apenas parte de um robusto clipping sobre o relançamento da economia, é ignorado pelos opositores do governo. O mais radical de seus formuladores, João Sicsú, ex-diretor do Ipea na era PT, disse em recente entrevista: “Não há nenhum sinal de recuperação da economia no Brasil”.
É claro que os indicadores de melhoria econômica, que, ao contrário do que Sicsú afirma, são variados, dependem para sua consolidação da retomada do nível de emprego, de forma que o consumo justifique novos investimentos, principalmente privados.
Essa é uma engrenagem que se alimenta muito do caráter emocional dos consumidores, e fazer com que ela funcione bem implica mais mistério do que uma equação matemática. Além de liderança da iniciativa privada.
Incompreensível, no entanto, é o mau humor da oposição sistemática, traindo o agourento “quanto pior, melhor”. Quando a ex-presidente Dilma Rousseff tentava em vão fazer a economia rodar, os tecnocratas prometiam o “espetáculo do crescimento”. Não deu certo.
Apropriaram-se, então, da expressão keynesiana “despertar o espírito animal do empresário”. Outro fracasso, resultado das opções erradas do modelo consumista da própria equipe econômica que levou o país à ruína fiscal. A diferença é que não se ouvia nenhuma vaia na arquibancada da oposição, que, a propósito, nem com os erros de Dilma conseguia fazer oposição.
Ao contrário do que supõem os pessimistas profissionais, a notícia da volta do crescimento deveria ser motivo de alegria, porque significa a volta da dinâmica que gera ocupação, põe o capital para girar, abre perspectivas para novos negócios e destrava o futuro. Tudo o que o Brasil espera há mais de dois anos.