Apesar de ter vencido as prévias que definiram o pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo (SP), o empresário João Doria Júnior encontra dificuldades para consolidar internamente seu nome.
Mesmo tendo o apoio do governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), Doria irá para a disputa na capital paulista tendo que gerenciar a divisão de seu partido. Derrotado nas prévias, o vereador Andrea Matarazzo saiu do PSDB e filiou-se ao PSD para ser candidato a prefeito. Durante as prévias, Matarazzo teve o apoio de tucanos históricos como o ex-presidente FHC e o ministro das Relações Exteriores, José Serra.
Mesmo tendo saído do PSDB, Matarazzo continua sendo apoiado pelos tucanos Arnaldo Madeira, Hubert Alqueres, Luís Sobral e outros militantes que integram o comando partidário.
Apesar do diretório estadual ameaçar com a expulsão que não apoiar João Doria Júnior, um dos coordenadores da pré-campanha de Doria, Julio Semeghini, reconhece que “dos 71 membros do diretório do PSDB paulistano, grande parte ainda é ligada a Andrea Matarazzo”.
Outro exemplo do racha no PSDB é o fato de pessoas próximas a Matarazzo estarem tentando derrubar na Justiça Eleitoral a pré-candidatura de Doria.
Na semana passada, o ex-governador Alberto Goldman e o senador José Aníbal prestaram depoimento ao Ministério Público Eleitoral e formalizaram a denúncia que Doria teria praticado abuso de poder econômico durante as prévias. Caso as irregularidades sejam comprovadas, o Ministério Público poderá pedir a cassação do registro do empresário.
Assim como ocorreu nas eleições municipais de 2008, o PSDB está novamente dividido na eleição. Naquela oportunidade, o então governador José Serra (PSDB) trabalhou em favor de Gilberto Kassab (então filiado ao DEM, hoje no PSD), prefeito da capital paulista naquela ocasião. O apoio de Serra acabou enfraquecendo Geraldo Alckmin, que em 2008 era o candidato do PSDB em SP. Kassab acabou se reelegendo prefeito e Alckmin sequer chegou ao segundo turno.
Agora, mais uma vez, se repete o embate entre José Serra x Geraldo Alckmin. Mesmo filiado do PSD, Matarazzo conta com o apoio de Serra e importantes lideranças do PSDB. Já Alckmin, é o grande e único cabo eleitoral relevante de João Doria Júnior.
Essa divisão deverá, mais uma vez, causar problemas para os tucanos na capital paulista. Doria, mesmo que não tenha sua pré-candidatura derrubada pela Justiça Eleitoral, terá grandes obstáculos pela frente: 1) disputar com Andrea Matarazzo o voto tucano em SP; 2) superar o deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP), hoje o líder e favorito segundo as pesquisas; 3) chegar ao segundo turno e vencer a eleição.
Ou seja, Doria e o PSDB tem muitos desafios pela frente, principalmente se levarmos em conta que em todas as eleições realizadas em SP desde 1988, os tucanos chegaram ao segundo turno em apenas duas oportunidades (2004 e 2012), tendo vencido apenas uma vez (2004).