Os elogios feitos pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB), ao prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), na semana passada, retribuindo a defesa que o tucano havia feito do peemedebista durante a crise deflagrada com a divulgação do áudio do empresário Joesley Batista, da JBS, voltou a reforçar o nome de Doria para a sucessão de 2018 ao Palácio do Planalto.
PSDB dividido
O movimento feito por Temer ocorreu pouco depois de o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ter discutido o tema da eleição presidencial em 2018 com as cúpulas nacionais do PSB e do DEM em dois encontros no Palácio dos Bandeirantes. Alckmin chegou a defender o desembarque do PSDB da base aliada de Temer após a aprovação das reformas em discussão no Congresso.
Por um lado, Temer busca manter o PSDB dividido e assim “segurar” uma parcela dos tucanos a seu lado até 2018. De outro, sinaliza a João Doria sua simpatia por uma eventual candidatura presidencial do prefeito da capital paulista nem que seja fora do PSDB.
PMDB e DEM cortejam Doria
Aliás, segundo O Estado de S. Paulo da última sexta-feira (11), Michel Temer teria dito a Doria que “as portas do PMDB estão abertas” para o prefeito de São Paulo disputar a presidência da República pela sigla. João Doria também já é sondado pelo DEM como um possível presidenciável. No partido, especula-se até mesmo a possibilidade de Doria ser o candidato a presidente tendo o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), como parceiro de chapa.
As sondagens feitas por PMDB e DEM visando o futuro de Doria aumentaram a crise no PSDB. Os desafios internos no partido são tamanhos que não há consenso nem em relação à comunicação. Desde a semana passada, o presidente em exercício do partido, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), tem sido criticado por conta de inserções que foram ao ar em rede nacional nas quais o PSDB promete “admitir seus erros” durante o programa partidário que será transmitido na quarta-feira (17).
Alckmin x Doria
Ainda que João Doria garanta que não sairá do PSDB e prometa lealdade a Geraldo Alckmin, seu padrinho político, não pode ser descartada a possibilidade de o prefeito de São Paulo deixar o ninho tucano. Além de o nome de Doria estar nacionalmente projetado como pré-candidato a presidente, a crise no PSDB e a necessidade de Temer e aliados terem um candidato que represente o atual governo pode levar à construção do projeto Doria por outra legenda.
Outra leitura feita no mundo político é que o assédio de PMDB e DEM em direção a Doria tem o objetivo de mostrar ao PSDB que o prefeito de São Paulo é visto como o “melhor” nome tucano para 2018. Essa movimentação de potenciais aliados do PSDB ocorre no momento em que Geraldo Alckmin intensifica sua articulação visando a sucessão presidencial do ano que vem. Se, por um lado, PMDB e DEM tem preferência por Doria, Alckmin trabalha para consolidar o diálogo com PSB, PP e PSD.
Alianças para 2018
Mesmo que o cenário ideal seja a construção de uma candidatura presidencial unindo PSDB, PMDB e DEM, existe a possibilidade de PMDB e DEM se afastarem dos tucanos. A imagem do PSDB está desgastada, e o PMDB sonha com uma candidatura ao Planalto.
Fora isso, o DEM, tradicional aliado dos tucanos, não garante que estará automaticamente junto do PSDB, como fez nas últimas seis disputas presidenciais. Assim, caso PMDB e DEM construam um candidato, os dois partidos poderão, sim, se afastar do PSDB, enfraquecendo ainda mais os tucanos.
Nesse cenário, mesmo que Doria afirme que não irá disputar a eleição contra Alckmin, já está ocorrendo internamente no PSDB, sobretudo em São Paulo, uma disputa entre ambos pela candidatura presidencial de 2018.