Que loucura a política brasileira! Aliados do ex-presidente Lula querem que ele seja nomeado ministro para salvá-lode um eventual e hipotético pedido de prisão por parte da Operação Lava-Jato. Especula-se que possa ocupar Ministério das Comunicações, a chefia da Casa Civil ou passe a despachar no Itamaraty.
Seria inacreditável que Lula, o grande líder popular, tivesse que se esconder em um Ministério para evitar um constrangimento com a Operação Lava-Jato. Mas como a política no Brasil põe o realismo fantástico da literatura latino-americana no chinelo, tudo pode acontecer.
Outro movimento inacreditável é o discurso da radicalização proposto pelo mesmo Lula e seus aliados mais agressivos. Movimentos articulados com setores mais radicais do PT estão invadindo sedes de órgãos governamentais e dependências de emissoras ligadas à Rede Globo. Outros prédios públicos e instalações privadas estão sendo vandalizados. Circulam boatos de que estão sendo planejadas invasões do Congresso Nacional.
Partidários da divisão “nós” e “eles” destilam ódio nas redes sociais chamando para o confronto. Há quem diga que a elevação do tom por parte dos partidários de Lula está estimulando o comparecimento em massa às manifestações de 13 de março. Parece que serão significativas.
Lula, antes mesmo da condução coercitiva, já anunciava a morte do “Lulinha paz e amor”, seu melhor e mais vitorioso figurino. Foi sendo “paz e amor” que ele driblou o impeachment no escândalo do mensalão. Naquele tempo, Lula se cercava de tipos mais amenos e mais afeitos ao diálogo. Por tudo o que fez e pela importânciaque tem, o ex-presidente deveria ser o primeiro a acalmar o ambiente.
Quando Lula age em outra direção, trabalha, sobretudo, contra si mesmo. E contra a democracia no Brasil. Pois a história ensina que a primeira vítima da violência é quem prega o recurso como método, principalmente quando o campo em questão é a política.
A história recente da América Latina está cheia de exemplos negativos (a Venezuela é o mais acabado de todos).
O ministro Marco Aurélio de Mello receia que as manifestações de 13 de março corram o risco de gerar um cadáver. Considerando o clima e agressividade nas redes sociais, não é um temor infundado. Cabe aos governos federal e estaduais garantir a ordem pública. E aos líderes políticos pedir que seus aliados se mantenham dentro dos limites democráticos da liberdade de manifestação.
É aconselhável que Lula, Dilma, Temer, FHC, Aécio Neves, Marina e outros líderes se manifestem a favor da paz e da democracia, exortando militantes, correligionários e simpatizantes a dar um exemplo de tolerância e democracia no dia 13 de março. Não devemos rebaixar ainda mais a nossa infante democracia.