O resultado da última pesquisa CNT/MDA, que apontou o governo Michel Temer (PMDB) aprovado por apenas 10,3% dos entrevistados, levou o Palácio do Planalto a intensificar suas ações em favor de uma agenda positiva.
Apesar do otimismo de alguns setores com as expectativas positivas na economia, aliadas à estabilidade política que o governo conquistou no Congresso, com vitória em cerca de 88% das votações, a baixa popularidade do presidente pode aumentar o custo político para aprovar reformas impopulares que o Planalto tem pela frente, como a previdenciária e a tributária.
A construção da agenda positiva já começou a ser intensificada. Na semana passada, ocorreram os seguintes eventos que apontam nessa direção:
- Temer sancionou lei sobre a reforma do Ensino Médio.
- Foi anunciado o calendário de saques das contas inativas do FGTS, que lançará cerca de R$ 30 bilhões na economia e beneficiará milhões de pessoas.
- O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu aumentar para R$ 1,5 milhão, até o fim do ano, o limite do valor do imóvel residencial que poderá ser adquirido com recursos do FGTS.
- Chegou ao Congresso projeto que extingue gradualmente a multa de 10% que as empresas pagam na demissão sem justa causa de trabalhadores. Haverá uma redução de um ponto percentual a cada ano.
- Antes disso, foram anunciadas mudanças no setor de cartões de crédito. Para baixar os juros, o governo determinou aos bancos que até o dia 3 de abril limitem o uso do rotativo – linha usada pelo cliente que não paga o valor integral da fatura – por 30 dias. Pelas novas regras, os clientes poderão ficar no rotativo, que tem as maiores taxas do mercado (484% ao ano) somente até a data da liquidação da fatura seguinte. Se a dívida não for paga, terá de ser transferida para outra modalidade de crédito, como o parcelado no cartão, com custo menor.
- Também está em discussão o reajuste da tabela do imposto de renda.
- Com o objetivo de agradar ao eleitorado de baixa renda, está sendo avaliada a possibilidade de reajuste no programa Bolsa Família. Quando o governo encaminhou o Orçamento de 2017 ao Congresso, previa-se um reajuste de 5%.
- O início do ciclo de queda da taxa de juros e os sinais de recuperação da economia – queda do dólar, inflação, entre outros – certamente contribuem para o esforço governista.
Embora o governo esteja preocupado em lançar algumas medidas que possam agradar ao eleitorado, é pouco provável que haja excesso de medidas populistas. Por conta da agenda difícil no Congresso, outra preocupação do Planalto é evitar que a impopularidade acabe motivando uma onda de manifestações, daí a importância de se contrapor ao noticiário negativo.
Apesar do esforço do governo em reverter a baixa avaliação, a recuperação deve ser lenta e dependerá de uma retomada mais acentuada da economia. Os índices devem permanecer em patamares baixos até pelo menos meados do segundo semestre.