A vocação do PMDB para a cadeira de presidente


Nas últimas sete eleições para presidente da República, de 1989 a 2014, o PMDB participou duas vezes com candidatura própria. Ambas com resultado pífio. Em 1989, Ulysses Guimarães, chamado de Dr. Constituinte, teve apenas 4,74% dos votos válidos. Ficou na sétima posição entre 22 candidatos. Em 1994, com Orestes Quércia, teve desempenho muito similar: 4,38%. Nas eleições de 1998 e 2006, o PMDB decidiu não apoiar formalmente nenhum nome nem concorrer com nome próprio.

Em 2002, o maior partido do país concorreu ao Palácio do Planalto como vice de José Serra, então candidato do PSDB. O nome escolhido foi o da deputada Rita Camata, do Espírito Santo. A chapa ficou conhecida como “Serra (ir)Rita”. Foram derrotados no segundo turno por Lula.

Nas duas últimas eleições, o PMDB apoiou formalmente a candidatura de Dilma Rousseff, tendo como vice o presidente do partido, Michel Temer. No entanto, por desejo do destino, nos últimos 30 anos será a terceira vez que o PMDB assumirá a presidência da República.

PMDB e a Presidência da República

Em 1985, com a morte de Tancredo Neves, coube a José Sarney concluir o processo de transição para a democracia depois de 20 anos anos de regime militar. Foi uma gestão econômica conturbada, marcada por moratória e planos econômicos que, até hoje, geram prejuízos ao país. Ações bilionárias no Supremo questionam os planos Cruzado, Cruzado II e Verão.

Em 1992, depois do impeachment de Fernando Collor, Itamar Franco, recém-saído do PRN, partido de Collor, e filiado ao PMDB, assumiu a presidência. Também tinha como principal desafio promover forte ajuste na economia. A inflação estava nas alturas. O índice acumulado em 1992 foi de 1.158%. Em 1993, 2.780! O grande legado da sua gestão foi a implementação do Plano Real, conduzido pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. Em 1996, a inflação acumulada havia caído para “incríveis” 14,7%.

Com o impeachment da presidente Dilma Rousseff praticamente definido, o PMDB chegará pela terceira vez à presidência da República. Os desafios, mais uma vez, se concentram na economia.

A previsão para o PIB deste ano é de -3,8%. A inflação roda na casa dos 10%. O desemprego atinge mais de 10 milhões de pessoas. Mas o maior problema é o endividamento público. Depois de bater recorde em 2015, a dívida pública federal ultrapassará a marca de R$ 3 trilhões neste ano. Segundo o Plano Anual de seu financiamento (PAF), o endividamento poderá encerrar este ano entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões.

O PMDB já sinalizou que terá candidato em 2018. Para apoiar a gestão Temer, o PSDB impõe uma condição – que ele não seja candidato. O vice sinaliza que não pretende concorrer. Além de consertar a economia, o projeto do PMDB é “produzir” um nome próprio até as próximas eleições. Se não, terá que continuar contando com a ajuda do destino.

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