Neste domingo, 4, o líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, criticou o governo de Juan Manuel Santos de não cumprir com várias diretrizes acertadas por ocasião dos acordos de paz firmados em novembro passado. Para o líder da guerrilha, faz-se necessária uma supervisão internacional para que o acordado seja implementado.
Na semana passada, o presidente da Colômbia decidiu prorrogar por mais 20 dias o prazo para a entrega das armas em posse das FARC. Além disso, também foi prorrogado o prazo para a desmobilização dos guerrilheiros.
Apesar da boa vontade e dos esforços pessoais de Juan Manuel Santos, temo que as FARC estejam mostrando mais uma vez a sua verdadeira face, a de uma organização fortemente vinculada ao crime organizado cujos traços narcoterroristas são indisfarçáveis.
Até o desarmamento: cautela e desconfiança
O passado nos ensina muito e o das FARC nos cobra cautela, desconfiança e planos alternativos. Acertou o governo colombiano ao não desmobilizar suas Forças Armadas ou reduzir seus contingentes. Não se pode pôr a mão no fogo quando a negociação dá-se com marginais experimentados que nada têm de revolucionários.
Revoltado com a prisão de dois guerrilheiros que formariam parte de sua delegação na implementação dos acordos de paz, Timochenko pediu mais tempo para que a organização abandone por completo as armas. Ele não deu detalhes sobre que supervisão internacional considera relevante uma vez que, por meio da Nações Unidas já funciona o Mecanismo de Monitoramento e Verificação (MM&V). De acordo com a própria guerrilha, cerca de sete mil combatentes estariam concentrados em 26 pontos do país prontos para entregarem suas armas à ONU.
O governo da Colômbia acredita que as prisões tenham sido fruto de questões burocráticas ligadas às identidades e que isso não é suficiente para pôr fim aos entendimentos que puseram fim a 53 anos de guerra no país.
Além das ameaças feitas por Timochenko, temos a confirmação de que várias frentes ligadas às FARC decidiram não reconhecer os acordos. Os “dissidentes” na verdade fariam parte de uma reserva estratégica da guerrilha para retomar os combates caso considerem necessário. Sempre sustentei que acordo de paz algum poria fim à guerrilha.
Também não podemos ignorar que nunca houve qualquer tipo de auditoria ou contabilidade em relação ao tipo e à quantidade de armamentos em posse das FARC. Sabe-se que muitas armas, possivelmente fuzis AK-47, foram entregues em diferentes momentos à guerrilha pelo governo venezuelano.
O tesouro das FARC
Há um elemento ainda mais importante que diz respeito à fortuna acumulada pelas FARC. Em momento algum, o dinheiro depositado em contas secretas na Europa e nos Estados Unidos (isso mesmo!) foi objeto de negociação. Estamos falando de dinheiro resultante do narcotráfico, extorsão e sequestros, entre outros.
Essa fortuna serviu, entre vários objetivos, para manter sãos e salvos em ótimos colégios e universidades europeias, os filhos dos líderes “revolucionários” que fizeram do capitalismo a plataforma para aterrorizar um país inteiro por cinco décadas.
Federico e Felipe Andrés, filhos de Alfonso Cano, ex–líder das FARC, vivem fora da Colômbia desde muito pequenos e tiveram a oportunidade que milhares de crianças recrutadas à força pela guerrilha, não tiveram, de estudar e nas melhores escolas e universidades do México, Estados Unidos, Austrália, Espanha, Alemanha, Bulgária e Suíça. Já as filhas de Rodrigo Granda, o “chanceler” das FARC, vivem confortavelmente em Genebra. Outros residem comodamente em Cuba sob cuidados expressos do regime castrista. A Venezuela também converteu-se em paraíso para os descendentes dos “mártires esquerdistas”.
Estima-se que a fortuna em mãos de um pequeno círculo de líderes da guerrilha chegue aos US$ 10,5 bilhões. Não se pode esquecer que a guerrilha sempre contou com um refinado e organizado sistema financeiro onde até mesmo o custo de um guerrilheiro entrava nos cálculos.
O preço da paz
Já os prejuízos causados à milhares de famílias, os crimes de lesa pátria, os estupros, violações de direitos humanos, abortos e assassinatos diários, são incalculáveis. Todos esses e outros crimes inenarráveis cometidos com o respaldo do Foro de São Paulo e seus integrantes, inclusive partidos políticos de toda a região e da Europa.
Não se pode negar o altruísmo de Juan Manuel Santos ao buscar a reconciliação nacional, mas existem lacunas não preenchidas e que cobram respostas. O mundo quer a paz na Colômbia, mas não a qualquer preço!