A “Guerra Mundial” na Síria e o papel do Brasil


Em 15 de março de 2011, o governo sírio de Bashar al Assad reprimiu fortemente as primeiras manifestações contra o regime quando a chamada Primavera Árabe estourava na região. Passados seis anos, a guerra civil na Síria parece não ter fim.

Em grande medida, graças aos interesses de potências regionais e globais que fazem da Síria um teatro para assegurar seus objetivos na cena internacional. O que seria um conflito interno acabou fortemente contaminado por ingerências as mais variadas. Desde o princípio, governo e rebeldes receberam apoio, recursos, armas e mercenários dispostos a lutar.

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Estamos diante de uma catástrofe, uma verdadeira guerra mundial circunscrita a um território de pouco mais de 184 mil km² e de onde já fugiram cerca de cinco milhões de pessoas. Outras 500 mil não tiveram a mesma sorte e engrossam as estatísticas de mortos que crescem exponencialmente.

Além da intervenção estrangeira na Síria, a guerra também ganha fôlego graças ao fracasso dos principais mecanismos de consertação política internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), incapaz de pôr um freio na matança.

O papel do Brasil

Diante deste contexto, atores como o Brasil, com uma população de mais de dez milhões de árabes, muitos de descendência síria e libanesa, como o próprio presidente da República, deveria atuar com maior protagonismo, indo muito além da emissão quase protocolar de notas sobre os efeitos perversos da guerra.

É claro que a situação interna, as incertezas e a instabilidade política comprometem esforços mais contundentes, mas o Brasil ainda é bem visto no Oriente Médio. Sua posição firme em relação à rejeição do uso da força por todas as partes em guerra e o apoio a determinação consolidada dos países dos BRICS para que haja uma solução política e diplomática para a guerra, têm reconhecimento internacional.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, rejeitam os ataques da coalizão ocidental que têm gerado enormes perdas civis e a destruição da infraestrutura do país sem produzir resultados tangíveis quanto à uma solução eficaz para a guerra.

Os bombardeios norte-americanos, criticados inclusive por republicanos, também denunciam o desinteresse por uma trégua duradoura, capaz de produzir diálogo e com ele, um armistício definitivo. Em outras palavras, há mais gente sabotando a paz e alimentando a guerra que qualquer outra coisa.

Há ainda um cansaço visível quanto aos atores tradicionais, mais preocupados em alcançar os seus objetivos geopolíticos deixando a população síria em um segundo plano muito distante de qualquer prioridade.

O resgate da tradicional política externa brasileira, focada em valores humanistas, poderia exercer um papel extremamente positivo quando ninguém mais se entende e muitos sequer sabem porque estão lutando.

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