A decisão de Huck


Luciano Huck, um dos nomes mais citados nas últimas semanas como viável para uma renovação política em 2018, anunciou sua desistência da corrida presidencial. Em um texto íntimo e pessoal, para a Folha de São Paulo, o apresentador da TV Globo diz que, pela sua família e por tudo o que construiu até agora, sabe que não é o momento para concorrer e compara a tentação de enfrentar um novo desafio dessa magnitude, com o canto das sereias na lenda de Ulisses, da Odisseia de Homero. Mas não elimina possibilidades futuras nem se permite abandonar sua missão “cívica” com seu público cativo:

“Com a mesma certeza de que neste momento não vou pleitear espaço nesta eleição para a Presidência da República, quero registrar que vou continuar, modesta e firmemente, tentando contribuir de maneira ativa para melhorar o país.” – diz Huck.

Pesquisas e teorias da conspiração

Pesquisas mostraram que ele é conhecido por 91% da população por causa do alcance de seu programa e já teria conquistado 7% da preferência dos eleitores. A aprovação do seu nome avançou 17 pontos percentuais desde setembro – foi de 43% para 60% –, segundo a pesquisa Barômetro Político Estadão-Ipsos. Manchete do jornal, a informação agitou o mundo político e o mercado.

O motivo para Huck desistir da corrida sucessória é o fato de a Globo ter deixado claro que se perder ele não poderá voltar ao trabalho, uma vez que a emissora avalia que seu envolvimento na política é desgastante para a imagem da empresa. Haveria também pressão familiar.

Alguns segmentos da opinião pública associaram o impeachment da ex-presidente Dilma aos interesses da rede de TV; outros, no entanto, atribuem-lhe o papel de oposição ao presidente Michel Temer. O ideal seria o reconhecimento da neutralidade.

PPS e Roberto Freire

Nos últimos dias, Huck manteve estreito diálogo com o PPS, presidido pelo deputado Roberto Freire, que tem trabalhado em favor do lançamento do nome do apresentador. O parlamentar avalia que as chances dele seriam boas porque seu programa é muito popular junto às classes D e E.

Além disso, Huck ocupa espaço no centro político em oposição à polarização entre o ex-presidente Lula e o deputado Bolsonaro, os líderes da disputa se a eleição fosse hoje. Atento a esses dados estratégicos, Freire vislumbrou uma vitória eleitoral, apesar da inexperiência do candidato, que tem o apoio dos movimentos Agora e Renova, voltados para o rejuvenescimento da política.

Mesmo com o anúncio de sua desistência da candidatura, ele tem até 6 de abril – prazo limite para o candidato estar filiado a um partido – para mudar de opinião. Na verdade, o fato mais relevante que precisa criar é sair da posição de principal alvo do tiroteio eleitoral.

Plano B: apoio a Geraldo Alckmin

Roberto Freire, por sua vez, também tem tempo. Parceiro de Geraldo Alckmin, se a hipótese Huck não funcionar, ele orientará seu partido para a campanha do tucano. O deputado deve seu mandato ao governador, que nomeou três secretários de estado para poder abrir a vaga de suplente que Freire ocupa como representante de São Paulo.

A saída de Luciano Huck da corrida sucessória posicionará, num primeiro momento, Jair Bolsonaro (PSC) e a ex-senadora Marina Silva (REDE) como os representantes dos chamados “outsiders”. O ex-presidente do STF Joaquim Barbosa (sem partido) também é uma opção, visto que poderá se filiar a alguma legenda e concorrer em 2018 sendo o parceiro de Marina. Barbosa mantém sigilo sobre seu futuro político. Suas conversas com PSB não progrediram porque uma ala do partido tem entendimento prévio com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

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