A América Latina entre a incógnita Trump e o desafio de encontrar um rumo


No dia 20 de janeiro, o mundo todo estará voltado para Washington onde Donald Trump se tornará o 45º presidente dos Estados Unidos, a principal potência bélica e econômica do planeta. Até agora, uma incógnita com muitas promessas que beiram o fascismo, o racismo e a estupidez.

Ele prometeu construir um muro separando os Estados Unidos do México, pago pelos mexicanos. Entre insultos e todo tipo de preconceito, Trump parece mostrar completo desinteresse pelo país vizinho. Seguindo essa tendência, a América Latina deverá voltar a ser apenas o quintal da Casa Branca.

Não por outras razões, o mundo aguarda entre perplexo e ansioso, a posse deste controverso personagem que poderá, inclusive, não completar o mandato se realmente decidir pôr em prática tudo aquilo que sua cabeça produz.

Na América Latina, vivemos momentos igualmente decisivos e ante o cenário que se projeta deste o Norte, é bem provável que a região tenha de encarar o desafio de encontrar um rumo.

Os Estados Unidos sob Trump não devem se preocupar muito com o que se passa depois de sua fronteira sul. Apesar dos protocolares telefonemas, ele tem assediado colegas empresários para que deixem de investir na região, começando pelo México.

Mas, se por um lado esse perfil belicista, retrógrado e ultrapassado é negativo, por outro, pode ser positivo. Caberá aos latino-americanos decidirem o que querem de fato. O novo chanceler mexicano falou em relação onde não exista “conflito e nem submissão vergonhosa”. Para que a América Latina possa manter uma relação de alto nível com os Estados Unidos, preservando dignidade e soberania, vai precisar de unidade. Mas isso nós não conhecemos.

Há um processo de integração, é verdade, mas nunca houve unidade. Além disso, há um componente ideológico que contamina tudo e racha a região, divide e faz com que líderes como Donald Trump possam surfar em suas intenções carregadas de ranço preconceituoso.

Na última semana de janeiro, os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), se reúnem em Punta Cana, na República Dominicana. Esta poderia ser a primeira grande oportunidade para que o diálogo transparente e honesto fosse adotado por todos e que as divergências de caráter ideológico ficassem à margem.

Os chilenos têm uma frase estupenda que deveria ser um mantra para a região: “convergência na diversidade!”. Somente desta forma a América Latina poderá deixar de ser a região mais desigual do mundo.

A Cúpula da CELAC deveria ser o primeiro passo para essa maior e mais forte aproximação, algo que permita reestruturar outros mecanismos como o MERCOSUL e a UNASUL, promover o diálogo político e avançar nas discussões econômicas que implicam promover acordos de livre comércio, por exemplo.

Se os Estados Unidos sob Trump optarem pelo isolacionismo, que a região tenha a coragem de ir na contra-mão e seja capaz de superar suas rivalidades, problemas e crises pelo bem comum de todos os latino-americanos e caribenhos. Precisamos entender que os investimentos não chegam se não formos capazes de construir pontes e de nos sentarmos à mesa e resolvermos os nossos dilemas.

 

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