O ex-governador Geraldo Alckmin disputará prévias no PSDB com o vice-governador Rodrigo Garcia para definir quem será o candidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes. Apesar de Garcia ser o candidato do governador João Doria, que controla o diretório do partido em São Paulo (SP), Alckmin mostra maior competitividade eleitoral. Mesmo que perca as prévias no PSDB, existe a possibilidade de Alckmin trocar o PSDB pelo PSD ou DEM e ser novamente candidato a governador.
Na pesquisa divulgada pelo Ipespe na última sexta-feira (02), Geraldo Alckmin lidera os cenários em que seu nome aparece nas simulações (ver tabela abaixo). Quem também está bem posicionado é o ex-governador Márcio França (PSB). As esquerdas, que hoje se dividem entre os nomes do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e Gulherme Boulos (PSOL), são competitivas, principalmente se houver um entendimento de Haddad e Boulos sobre a sucessão em SP. E temos ainda a possibilidade de uma candidatura alinhada ao bolsonarismo – o presidente da FIESP, Paulo Skaf (MDB), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o ex-ministro – são nomes que podem crescer.
CANDIDATOS | CENÁRIO 1 (%) | CENÁRIO 2 (%) | CENÁRIO 3 (%) |
Geraldo Alckmin (PSDB) | 21 | – | 22 |
Fernando Haddad (PT) | 14 | 17 | 21 |
João Doria (PSDB) | – | – | 13 |
Márcio França (PSB) | – | 15 | – |
Guilherme Boulos (PSOL) | 12 | 12 | – |
Paulo Skaf (MDB) | 10 | 11 | – |
Tarcísio Freitas (Sem partido) | 5 | – | 6 |
Abraham Weintraub (Sem partido) | – | 6 | |
Arthur do Val (Patriota) | 4 | 4 | 5 |
Rodrigo Garcia (DEM) | 3 | 5 | – |
Branco/Nulo | 25 | 23 | 28 |
Indecisos | 7 | 7 | 5 |
*Fonte: Ipespe (28/06 a 01/07)
Nota-se que há espaço de crescimento para uma candidatura bolsonarista. Segundo o Ipespe, 29% dos paulistas avaliam positivamente (ótimo/bom) o governo Bolsonaro. No entanto, também há limites para esse nome, já que 52% avaliam o governo negativamente (ruim/péssimo). E 19% consideram a gestão do presidente como regular.
Nesse momento, quem enfrenta dificuldades é o projeto de poder liderado por João Doria. Mesmo que o candidato de Doria seja Rodrigo Garcia, os obstáculos serão grandes em 2022. Embora o projeto Doria tenha uma avaliação positiva (ótimo/bom) de 26%, o índice negativo (ruim/péssimo) é de 41%. E há ainda 31% da opinião pública paulista que considera o governo Doria regular.
Por conta do desgaste de João Doria, Geraldo Alckmin, mesmo que tenha bastante influência no PSDB, poderá optar por ser candidato a governador por outro partido. Essa seria uma forma de se descolar do desgaste de Doria.
Uma eventual candidatura de Alckmin impactaria também a estratégia traçada pelo ex-presidente Lula (PT) em unir Haddad e Boulos, e ainda atrair Márcio França oferecendo ao ex-governador a vaga de candidato a senador. Com Geraldo Alckmin no jogo, cresce a possibilidade de França ser novamente seu vice ou então concorrer ao Senado na chapa a ser liderada por Alckmin.
Além dessas indefinições, também temos cerca de 1/3 do eleitorado “sem candidato” (brancos, nulos e indecisos), o que indica em cenário em aberto na disputa ao Palácio dos Bandeirantes, principalmente se Alckmin não for candidato.
Disputa equilibrada ao Senado
A pesquisa Ipespe aponta que o apresentador da TV Bandeirantes, José Luiz Datena (PSL), seria o favorito na eleição ao Senado. Na segunda posição aparece o ex-governador Márcio França (PSB). Em seguida aparecem tecnicamente empatados o senador José Serra (PSDB), o ex-ministro Aloízio Mercadante (PT), a deputada federal Carla Zambelli (PSL) e a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL). A margem de erro da sondagem é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
CANDIDATOS | PERCENTUAIS (%) |
José Luiz Datena (PSL) | 23 |
Márcio França (PSB) | 16 |
José Serra (PSDB) | 10 |
Aloízio Mercadante (PT) | 9 |
Carla Zambelli (PSL) | 9 |
Janaína Paschoal (PSL) | 6 |
Branco/Nulo | 22 |
Indecisos | 5 |
*Fonte: Ipespe (28/06 a 01/07)
Uma das incógnitas é saber se Márcio França será candidato a governador, vice ou senador. E caso concorra ao Senado, se irá compor com a esquerda ou Geraldo Alckmin. Mesmo que França seja um candidato competitivo, a vantagem pertence a Datena. Além de ter 7 pontos percentuais a mais que França, caso Datena concorra, Zambelli e Janaína não deve disputar, o que levaria essa fatia do eleitorado a migrar para o apresentador da TV Bandeirantes.
Hoje, nomes tradicionais da política paulista como José Serra e Aloízio Mercadante encontram dificuldades na disputa. No entanto, temos ainda muitos votos em disputa, já que brancos, nulos e indecisos somam 27%, ou seja, quase 1/3 do eleitorado.
Fraco desempenho de Doria no Estado dificulta seu projeto presidencial
A disputa presidencial no Estado mostra um quadro semelhante ao cenário nacional. O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) aparecem tecnicamente empatados (ver tabela abaixo).
CANDIDATOS | CENÁRIO 1 (%) | CENÁRIO 2 (%) |
Lula (PT) | 30 | 32 |
Jair Bolsonaro (Sem partido) | 29 | 29 |
Ciro Gomes (PDT) | 7 | 10 |
João Doria (PSDB) | 7 | – |
Luiz Henrique Mandetta (DEM) | 6 | 8 |
Eduardo Leite (PSDB) | – | 2 |
Branco/Nulo | 16 | 16 |
Indecisos | 4 | 4 |
*Fonte: Ipespe (28/06 a 01/07)
Chama atenção a baixa intenção de voto de João Doria, que sequer chegar aos dois dígitos no Estado em que o governador é mais conhecido. A baixa disposição dos paulistas em votar em Doria para presidente dificulta suas pretensões de ser o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Nota-se que hoje Doria tem o mesmo potencial eleitoral que os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM).