A pesquisa Ipespe sobre a disputa ao Palácio dos Bandeirantes aponta que o ex-governador Geraldo Alckmin, que deve trocar o PSDB pelo PSD, e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) largam na frente. Embora Alckmin esteja numericamente à frente, como a margem de erro da sondagem é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, os dois pré-candidatos estão tecnicamente empatados (ver tabela abaixo). Haddad também aparece em situação de empate técnico com Guilherme Boulos (PSOL).
CANDIDATOS | INTENÇÃO DE VOTO (%) |
Geraldo Alckmin (PSDB) | 23 |
Fernando Haddad (PT) | 19 |
Guilherme Boulos (PSOL) | 14 |
Tarcísio de Freitas (Sem partido) | 5 |
Abraham Weintraub (Sem partido) | 3 |
Rodrigo Garcia (PSDB) | 3 |
Branco/Nulo | 27 |
Indecisos | 5 |
*Fonte: Ipespe (30/08 a 01/09)
Em seguida figuram também em situação de empate técnico o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Sem partido), o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (Sem partido), que são opções do bolsonarismo, e o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que é o candidato do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). E temos ainda 33% do eleitorado paulista “sem candidato” (brancos, nulos e indecisos).
Faltando mais de um ano para as eleições, Alckmin, Haddad e Boulos se beneficiam do recall que possuem. Alckmin e Haddad disputaram a eleição presidencial de 2018. Além disso, Alckmin foi governador de SP três vezes. Haddad, por sua vez, foi prefeito da capital paulista. E Boulos chegou ao segundo turno na disputa de 2020, sendo derrotado pelo hoje falecido ex-prefeito Bruno Covas (PSDB).
Mesmo apresentando baixa densidade eleitoral neste momento, Rodrigo Garcia tende a crescer. De acordo com o Ipespe, o governo João Doria é avaliado positivamente (ótimo/bom) por 28% dos entrevistados. Outros 34% consideram a gestão Doria regular. E 37% têm uma avaliação negativa (ruim/péssimo). Ou seja, a partir da associação com Doria, a tendência é que Garcia suba nas pesquisas. O mesmo poderá ocorrer com o candidato que será apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Conforme podemos observar, o cenário pré-eleitoral em SP apresenta uma elevada imprevisibilidade. Geraldo Alckmin é um nome competitivo. A esquerda, caso consiga construir um entendimento entre Fernando Haddad e Guilherme Boulos, pode chegar ao segundo turno, o que não ocorre desde 2002. Rodrigo Garcia também tende a crescer, assim com o candidato bolsonarista.
Caso a esquerda consiga se unir, uma das vagas no segundo turno tende a ser de Haddad ou Boulos. Neste cenário, Alckmin, Garcia e o candidato bolsonarista disputarão quem será o adversário da esquerda. Porém, se a esquerda se dividir, cresce a possibilidade de Alckmin e Garcia chegarem ao segundo turno, principalmente por conta do desgaste do presidente Jair Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país.
Bolsonarismo perde força no Estado
Nas eleições de 2018, SP foi o epicentro do antipetismo, o que levou o presidente Jair Bolsonaro a surfar nessa onda e transformar o Estado num grande reduto bolsonarista. No primeiro turno, Bolsonaro obteve 53% dos votos válidos. No segundo turno, conquistou 67,97%. Em 2018, Fernando Haddad (PT), o principal adversário de Bolsonaro, teve 16,42% dos votos no primeiro turno e 32,03% no segundo turno.
Segundo a pesquisa Ipespe, o ex-presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro aparecem tecnicamente empatados na simulação de primeiro turno (ver tabela abaixo), embora a vantagem numérica seja de Lula. Hoje, o ex-presidente teria 35,95% dos votos válidos – excluindo brancos, nulos e indecisos. Bolsonaro, por sua vez, teria 31,46%. Ou seja, o presidente perdeu um elevado contingente de eleitores comparando o cenário de hoje com o resultado de 2018.
Outro aspecto importante do levantamento é a baixa intenção de voto do governador João Doria (PSDB). Mesmo no Estado em que Doria é mais conhecido, ele não chega a dois dígitos de intenção de voto.
CANDIDATOS | INTENÇÃO DE VOTO (%) |
Lula (PT) | 32 |
Jair Bolsonaro (Sem partido) | 28 |
Ciro Gomes (PDT) | 9 |
João Doria (PSDB) | 8 |
José Luiz Datena (PSL) | 6 |
Luiz Henrique Mandetta (DEM) | 5 |
Rodrigo Pacheco (DEM) | 1 |
Branco/Nulo | 8 |
Indecisos | 3 |
*Fonte: Ipespe (30/08 a 01/09)
O desgaste do bolsonarismo no maior colégio eleitoral do país também é observado nas simulações de segundo turno (ver tabela abaixo).
Hoje, o presidente Jair Bolsonaro seria derrotado por todos os potenciais adversários. Numa hipotética disputa com Lula, Bolsonaro teria hoje 41,97% dos votos válidos, bem abaixo dos 67,97% que Bolsonaro teve no segundo turno de 2018. Lula, por sua vez, teria 58,02% dos votos válidos, índice muito superior ao conquistado por Haddad em 2018 (32,03%).
CANDIDATOS | CENÁRIO 1 (%) | CENÁRIO 2 (%) | CENÁRIO 3 (%) | CENÁRIO 4 (%) | CENÁRIO 5 (%) |
Lula | 47 | 40 | 43 | – | – |
Bolsonaro | 34 | – | – | 34 | 34 |
Ciro | – | 30 | – | 45 | – |
Doria | – | – | 28 | – | 41 |
Branco/Nulo/Indecisos | 20 | 30 | 29 | 21 | 25 |
*Fonte: Ipespe (30/08 a 01/09)
Apesar do potencial eleitoral de Lula, o sentimento antipetista em SP continua existindo, porém ele é menos intenso que 2018. Hoje, o que pesa na avaliação da opinião pública é o antibolsonarismo.
De acordo com o Ipespe, o governo Bolsonaro é avaliado negativamente (ruim/péssimo) por 55% dos paulistas. A avaliação positiva (ótimo/bom), por outro lado, é de 25%. E o índice regular soma 18%. Ou seja, uma parcela do eleitorado de centro que em 2018 votou em Bolsonaro motivada pelo antipetismo, agora está sendo movida pelo antibolsonarismo. Não é por acaso que o desempenho de Lula, Ciro e Doria nas simulações contra Bolsonaro são similares – os três venceriam o presidente no segundo turno.
Em relação a Lula, vale observar que o ex-presidente possui, na simulação do primeiro turno, o apoio do eleitorado tradicional de esquerda (cerca de 30%). No segundo turno, Lula se beneficia do antibolsonarismo, já que agrega os eleitores que rejeitam Bolsonaro, não querem Lula como primeira opção de voto, mas optam pelo ex-presidente por conta da impopularidade do bolsonarismo.