Ao menos sete pessoas morreram durante os intensos protestos que tomaram as ruas da Venezuela na última segunda-feira (29), em resposta à reeleição do presidente Nicolás Maduro. Manifestantes derrubaram estátuas do ex-líder Hugo Chávez em diversos pontos do país. Além disso, a oposição, liderada por Maria Corina Machado, alegou possuir provas de fraude eleitoral que apontariam Edmundo González Urrutia como o verdadeiro vencedor das eleições.
Segundo o Foro Penal, uma organização de ativistas de direitos humanos especializada em prisioneiros políticos, ao menos 46 pessoas foram detidas nas manifestações. Assim, as mortes foram confirmadas por fontes independentes e divulgadas pelo jornal espanhol El Mundo nesta terça-feira (30).
As forças de segurança utilizaram gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes que gritavam palavras de ordem e pediam a queda do governo Maduro. Os protestos também ocorreram em áreas pobres de Caracas, tradicionalmente favoráveis ao regime chavista.
Em uma transmissão ao vivo do palácio presidencial, Maduro declarou que as forças de segurança estavam agindo contra “manifestantes violentos”. Ele reiterou o apoio das Forças Armadas ao governo, que não apresentou nenhum sinal de ruptura entre os líderes até o momento.
Temos acompanhado todos os atos de violência promovidos pela extrema-direita. Posso dizer ao povo da Venezuela que estamos agindo”, declarou. “Já conhecemos este filme, por isso, mais uma vez, juntamente com a união civil, militar e policial, estamos agindo. Nós já sabemos como eles operam”.
O Observatório Venezuelano de Conflitos registrou 187 protestos em 20 estados até às 18h da segunda-feira (29). A relatos de vários atos de repressão e violência por parte de coletivos paramilitares e forças de segurança.
Eleições contestadas
Os protestos começaram após a proclamação da reeleição de Nicolás Maduro pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para um terceiro mandato de seis anos, na noite de segunda-feira. Maduro desconsiderou as críticas e dúvidas da oposição sobre a contagem dos votos. Além disso, ele alegou que a Venezuela enfrentava um “golpe de Estado” de natureza “fascista e contrarrevolucionária”.
Por fim, Marina Corina Machado afirmou que a análise dos registros da votação disponíveis até o momento demonstra que o presidente “será Edmundo Gonzalez Urrutia”. De acordo com Machado, as provas revelam uma vantagem “matematicamente irreversível” para Urrutia, com 6,27 milhões de votos contra 2,75 milhões para Maduro. No entanto, na manhã de segunda, o CNE havia informado que Maduro conquistara 51,2% dos votos, contra 44,2% de Gonzalez Urrutia.