Apesar do primeiro contato turbulento entre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a relação entre os dois países não será, necessariamente, conflituosa. De acordo com o analista político da Arko Advice e enviado do Brasilianista a Washington, Thiago de Aragão, o Brasil não é um tema de grande atenção para o governo americano.
“O Brasil não está entre as 20 prioridades dos EUA nas relações exteriores. A relação entre os dois países vai depender do Brasil ser proativo para conseguir algum acordo e o governo americano tende a ser reativo”, destacou Aragão em live da BTG Pactual.
Por outro lado, há um ponto sensível na relação entre os dois países: o meio ambiente. Como Biden tem uma relação mais forte com sua agremiação política, o partido Democrata, do que Donald Trump tinha com os Republicanos, é possível que o novo presidente acate sugestões para dar mais atenção à questão ambiental brasileira.
“Tem áreas no partido com posições muito fortes sobre o Brasil, principalmente na área de meio ambiente”, explica o analista. “Eu não vejo a possibilidade de sanções contra o Brasil, mas os EUA podem excluir o Brasil de certas mesas de negociação, de certos acordos, a depender do desempenho brasileiro em relação ao meio ambiente”, pontua.
Relação com a China
Outro ponto de mudança que deve ser visto nesta gestão é a relação com o gigante asiático. Para Aragão, o governo Biden deve construir uma relação mais estratégica, com menos surpresas. “Com o Trump, por conta das redes sociais, a população descobria sobre uma política pública americana ao mesmo tempo que a China e às vezes junto ao próprio gabinete do presidente”, explica.
Para compensar a atuação enérgica de Trump, Biden deve apostar no apoio de aliados e na política multilateral. Com isso, devem ganhar mais atenção a União Europeia, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália, a Índia, o Japão e a Coreia do Sul.