A pandemia do coronavírus, mesmo após a passagem do chamado pico da doença, poderá continuar pressionando o governo a aumentar o gasto público.
Diante do cenário social complexo que o país viverá, não devemos descartar a possibilidade de serem postergadas medidas emergenciais como o auxílio de R$ 600, que inicialmente será pago por três meses.
Vale lembrar que a tendência é que a crise econômica deste ano seja profunda. Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a definir o quadro atual como a pior recessão global desde a Grande Depressão de 1929. Além disso, projetou que a retomada da economia será lenta.
Ainda segundo o FMI, a expectativa é que o Brasil tenha uma retração de -5,3% em 2020. Para 2021, o FMI aposta num crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,9%. O Banco Mundial vai na mesma linha: aposta numa queda de -5% da economia brasileira este ano. Para 2021, acredita num crescimento de 1,5%.
Nos próximos meses, números decorrentes do que pode vir a ser a maior recessão econômica da história brasileira (superando a chamada “década perdida” dos anos 80) e o risco de o desemprego registrar uma grande escalada deverão exigir medidas anticíclicas na área social. Em especial se a popularidade do governo estiver em queda.
Com a pandemia avançando sobre as periferias e as comunidades, deve aumentar a pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no inverno, quando outras doenças respiratórias se somarão à Covid-19. Assim, prefeitos e governadores – que devem sofrer um baque em suas arrecadações tributárias – tenderão a pressionar o Congresso e o Palácio do Planalto por mais recursos, para que possam responder às demandas sociais e econômicas de suas regiões.