Polarização ganha as ruas

A polarização política entre bolsonarismo x anti-bolsonarismo ganhou às ruas nesse domingo (31). Em Brasília (DF), ocorreu a tradicional manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. O ato, ocorrido em frente ao Palácio do Planalto, foi mais expressivo que o da semana passada.

A novidade ficou por conta dos protestos na Avenida Paulista, em São Paulo. De um lado da avenida, foi realizado um ato por torcidas organizadas dos quatro grandes times de futebol de SP: Gaviões da Fiel (Corinthians), Mancha Vede (Palmeiras), Torcida Independente (São Paulo) e Torcida Jovem (Santos).

Os manifestantes se vestiram de preto e realizam gritos de guerra em favor da democracia. Do outro lado da avenida, estavam concentrados, de verde e amarelo, a base social que apoia Bolsonaro.

Após um desentendimento entre duas pessoas – uma de preto e outra de verde e amarelo – ocorreu uma briga entre eles, que foi dispersada pela Polícia Militar (PM). Depois, aconteceram outras situações de confronto e violência.

A presença de anti-bolsonaristas nas ruas é uma novidade nesta crise. Vale registrar que nesse final de semana, começou a ocorrer a articulação de segmentos da sociedade civil contra o presidente. No sábado (30), os principais jornais do país divulgaram um manifesto que marca a criação do Movimento Estamos Juntos.

O manifesto foi subscrito pelo ex-presidente FHC (PSDB), o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o líder do MTST, Guilherme Boulos (PSOL), os ex-jogadores de futebol Tostão, Raí e Casagrande, além de Luiz Felipe Pondé, Renato Janine Ribeiro, Luis Fernando Veríssimo, Felipe Neto, Luciano Huck, Washington Olivetto, os juristas Nelson Jobim, Miguel Reale Júnior, e o economista Armínio Fraga. Também assinaram o documento expressivos artistas da Rede Globo e parlamentares da oposição.

No domingo (31), também foi publicado nos grandes jornais um manifesto intitulado “Basta!”, onde advogados subscreveram um forte manifesto em defesa do Estado de Direito.

Os manifestos marcam o início de uma articulação do chamado campo progressista. Embora as críticas ao presidente Jair Bolsonaro não sejam explícitas, o conteúdo das notas divulgadas tem, nas suas entrelinhas, mensagens anti-Bolsonaro.

No caso do Movimento Estamos Juntos, está em curso uma estratégia para atuar nas redes sociais. Na página do movimento há grupos de WhatsApp nos 27 estados.

É possível que o objetivo central desses grupos seja agrupar amplos setores da sociedade com objetivo de, posteriormente, convocar atos similares aos realizados pela campanha “Diretas Já”, da década de 80.

Além disso, as redes sociais, ambiente hegemonizado pelo bolsonarismo, começa a registrar movimentos das forças de oposição. No sábado (30), a esquerda lançou a hashtag #somos70%, que teve 222 mil menções no Twitter. O número foi inferior a hashtag #somos57milhões, promovido por aliados de Bolsonaro, que registrou 454 mil menções no Twitter.

A polarização que ganhou às nesse final de semana poderá ter novos desdobramentos nas próximas semanas. Os tradicionais atos de simpatizantes de Jair Bolsonaro continuarão ocorrendo.

Por outro lado, as forças de oposição devem começar a fazer o mesmo. Estes protestos num clima de polarização e embates entre o governo com o Supremo Tribunal Federal (STF) aumentam o risco de conflitos nas ruas, como o ocorrido hoje em São Paulo.

Pode ainda contribuir para o retorno dos protestos os atos violentos nos EUA, desencadeados após o assassinato de George Floyd, homem negro morto por um policial, que gerou comoção e protestos nas ruas em muitos estados norte-americanos, além de Berlim, Londres e Toronto.

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