Os governadores e as eleições de 2026 – Análise

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Embora a eleição de 2026 ao Palácio do Planalto ainda
esteja distante, pelo menos quatro governadores aparecem
precocemente como potenciais presidenciáveis: Tarcísio de
Freitas (Republicanos-SP); Romeu Zema (Novo-MG);
Eduardo Leite (PSDB-RS); e Ratinho Júnior (PSD-PR). No
campo econômico, esses quatro governadores têm como
ponto de convergência a adoção de uma agenda de reforma
do estado.

Em São Paulo, Tarcísio de Freitas joga suas fichas na
privatização da Sabesp. Segundo Tarcísio, a expectativa é
que as audiências públicas tenham início já em 2024. O
governador afirmou na semana passada que a Sabesp será
um “grande player global”. Outro foco do governador
paulista é a reforma administrativa. Tarcísio estuda cortar
de 5 mil a 10 mil cargos comissionados.

Em Minas Gerais, Romeu Zema também pretende avançar
na agenda liberal. Recentemente, encaminhou para a
Assembleia Legislativa uma Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) com vistas a privatizar estatais como a
Copasa e a Cemig. A PEC enviada por Zema à Assembleia
também pretende acabar com a obrigatoriedade de
plebiscito para a venda de estatais.

No Rio Grande do Sul, ainda que a privatização da Corsan
esteja judicializada, Eduardo Leite, em seu primeiro
mandato, conquistou importantes avanços na modernização
do estado. Conseguiu privatizar a CEEE, a CRM e a Sulgás. O
Banrisul não será privatizado, conforme declaração de Leite
na última campanha eleitoral. Assim, neste momento, ele
não deve realizar novas privatizações, pois o Rio Grande do
Sul já se desfez das estatais listadas para serem vendidas.
Outro avanço importante conquistado pelo governador
gaúcho, também durante seu primeiro mandato, foi a
aprovação da PEC que acabou com a obrigatoriedade de
uma consulta popular para a realização de privatizações.

No Paraná, Ratinho Júnior, além da realização de
concessões, privatizou a Copel e a Senapar. Além disso, tem
implementado um audacioso plano de concessões nos
setores de infraestrutura, atraindo grande volume de
investimentos privados.

Apesar da agenda de modernização do estado cacifar
Tarcísio, Zema, Leite e Ratinho para objetivos políticos
maiores, eles têm desafios já nas eleições municipais de
2024.

Tarcísio de Freitas trabalhará para eleger um bom
número de prefeitos, avançando ainda mais sobre a
estrutura partidária do PSDB. Nas eleições de 2024, o
governador paulista também terá um olhar especial
para a disputa na capital, onde trabalhará para evitar a
eleição do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

Em relação a 2026, Tarcísio atua numa espécie de
compasso de espera, pois, além da possibilidade de
concorrer à reeleição, tem a opção de disputar a
eleição presidencial, principalmente se contar com o
apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Outra
incógnita envolve o partido de Tarcísio. Com o ingresso
formal do Republicanos no governo Lula (PT), o
governador poderá trocar de legenda.

Zema, por sua vez, também deverá utilizar as eleições
municipais para ampliar sua influência em Minas,
elegendo o maior número possível de prefeitos aliados.
Quando olhamos para 2026, vemos que Zema, além do
Planalto, tem a opção de concorrer a senador. Antes
dessa definição, a questão partidária também desafiará
o governador mineiro. Como o Novo é uma legenda
com pouca estrutura, Romeu Zema poderá optar por
uma filiação ao PL, sobretudo se obtiver o apoio de
Bolsonaro.

Eduardo Leite, que, além de governar o Rio Grande do
Sul, comanda o PSDB nacional, terá, no curto prazo, o
desafio de evitar o esvaziamento da máquina partidária
tucana em seu principal reduto: São Paulo. No Rio
Grande do Sul, Leite também será desafiado, sobretudo
na disputa de Porto Alegre. Apesar de o prefeito da
capital gaúcha, Sebastião Melo (MDB), ser filiado ao
partido do vice-governador do Rio Grande do Sul,
Gabriel Souza (MDB), eles podem acabar travando uma
disputa interna em 2026, principalmente se Melo foi
reeleito, o que pode trazer problemas para a relação de
Leite com o MDB.

Ratinho Júnior, no Paraná, terá uma situação eleitoral
menos complexa em 2024. Como a maioria dos
prefeitos apoia Ratinho, o PSD tende a ter um bom
desempenho no estado. No entanto, por ora, Ratinho
tem à sua frente mais desafios para viabilizar um
projeto nacional do que Tarcísio, Zema e Leite. Porém,
como o PSD deseja ter uma candidatura própria em
2026, o governador paranaense está no jogo.

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