A recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de decretar uma nova inelegibilidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenando também o general e ex-ministro Braga Netto (PL), que foi o candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, provoca algumas repercussões políticas importantes. A decisão foi por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência, realizadas no dia 7 de setembro do ano passado em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ).
A consequência imediata da decisão do TSE envolve as eleições municipais de 2024, mais especificamente a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Braga Netto era apontado como potencial candidato bolsonarista para desafiar a candidatura à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD). Com Braga Netto inelegível, a tendência é que Bolsonaro aposte no deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, vai recorrer da decisão do TSE junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, o mais provável neste momento é que a decisão do TSE seja mantida.
A disputa pela prefeitura de São Paulo também pode registrar uma alteração na estratégia bolsonarista. Apesar de o PL manter uma negociação bem encaminhada com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), Bolsonaro costura nos bastidores um acordo com Valdemar para que o deputado federal Ricardo Salles se desfilie do PL com a garantia de que não perderá o mandato para ser candidato a prefeito na capital paulista. A entrada de Salles provocará uma disputa com Nunes pela vaga no provável segundo turno contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Um dos motivos para que Bolsonaro insista na candidatura de Salles é a resistência da base social bolsonarista a apoiar Nunes. Vale recordar que, nas eleições de 2020, mesmo com Bolsonaro pedindo votos para o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP), ocorreu uma precoce derrota de seu candidato em primeiro turno.
Mesmo inelegível para 2026, o prestígio de Jair Bolsonaro será testado nas eleições municipais do próximo ano. Além de o PL apostar no ex-presidente para ampliar o número de prefeitos, as disputas em São Paulo e no Rio de Janeiro medirão a força do bolsonarismo, já que os embates nessas duas cidades possuem impacto político nacional.