O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou na semana passada o bloqueio internacional dos perfis das contas no Twitter e Facebook de ativistas digitais bolsonaristas investigados no inquérito das Fake News não apenas no Brasil, mas também no exterior.
A decisão ocorreu após os ativistas, mesmo com o bloqueio de contas imposto em território nacional, conseguirem continuar nas redes através do registro de suas contas em outros países.
Após uma reação inicial, o Twitter e o Facebook acataram a decisão de Moraes, mas anunciaram que irão recorrer da medida. O bloqueio dessas contas é o assunto polêmico, pois mexe com a liberdade de expressão.
Saindo da discussão jurídica e olhando para aspectos políticos, é improvável que o bloqueio de alguns perfis abale a articulação do ecossistema bolsonarista nas mídias digitais.
Além disso, com a punição internacional imposto aos usuários, Twitter e Facebook acabaram se tornando “aliados” dos ativistas digitais envolvidos, pois essas redes temem que a decisão tomada por Alexandre de Moraes crie uma jurisprudência para que outros países façam o mesmo em relação a outros usuários.
Outro aspecto é que o bloqueio das contas fortalece a narrativa desses grupos que existe uma perseguição do STF contra Jair Bolsonaro.
Prova disso foi a decisão do jornalista Allan Santos, do site “Terça Livre” em deixar o país. Allan também acusou os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso de supostamente estarem conspirando para “derrubar” Bolsonaro.
O bloqueio dessas contas também reforça a imagem de anti-establishment pretendida por esses líderes.
Por outro lado, a disputa política em torno desse tema pode crescer no Congresso. Nesse final de semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convidou o youtuber Felipe Neto, que tem ganhado protagonismo como um crítico do bolsonarismo, sendo alvo de ataques dos setores mais conservadores, a participar do debate do PL das Fake News.
O convite de Maia e Neto gerou reações negativas entre aliados do presidente. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) cobrou que Maia também convide para esse debate líderes de direita.