O presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) na Câmara, Joaquim Passarinho (PL-PA), endossou as críticas dos congressistas à articulação do governo Lula no Congresso Nacional. Segundo o deputado, o Executivo deve entender que o Legislativo é o fórum adequado para conversar com a sociedade.
Em entrevista à Arko Advice, o parlamentar comentou a dificuldade do governo em respeitar as decisões do Congresso e afirmou que não há intenção de limitar a atuação do Planalto.
Leia mais! GOVERNO ACHA QUE CONGRESSO É O MESMO DE 20 ANOS ATRÁS, DIZ JOAQUIM PASSARINHO
Na volta das atividades legislativas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cobrou cumprimento de acordos feitos com o governo e protestou contra vetos de Lula ao Orçamento.
Nesse cenário, o governo precisa aprovar uma série de medidas antes das eleições municipais, em outubro. Um dos principais temas neste primeiro semestre será a regulamentação da Reforma Tributária, cuja não cumulatividade será defendida pela FPE nas discussões no Congresso Nacional.
Confira a entrevista na íntegra:
Quais as principais preocupações do setor empresarial em relação à regulamentação da Reforma Tributária?
Estamos atuando em todas as frentes que o governo criou nos Grupos de Trabalho da Fazenda. Criamos uma comissão a mais para tratar apenas da não cumulatividade de impostos, que é uma das coisas que mais nos preocupam. O ganho dessa reforma é justamente a não cumulatividade de impostos, mas isso não pode ficar só no papel. Também estamos preocupados com o tamanho final da alíquota do novo imposto. Tem coisas que precisam estar nas exceções, mas precisamos entender que, cada vez que excetuamos um setor, estamos elevando a alíquota principal. Preocupa-nos o impacto da reforma sobre os setores de serviços e comércio, os que mais empregam neste país. Por isso insistimos com a desoneração da folha de pagamentos, porque ela compensará esses setores que vão ser mais atingidos com a Reforma Tributária.
As propostas da FPE serão apresentadas como alternativas às propostas do governo?
Não estamos aqui para tomar o papel do governo. Estamos discutindo com a sociedade previamente. Quando o governo mostrar sua proposta, vamos confrontar. Aquilo que for consenso, ótimo. Aquilo que não for, vamos conversar, para saber qual é a melhor ideia. Mas a ideia não é apresentar um projeto para fazer oposição. Ninguém ganha com isso. Se o governo se omitir, podemos apresentar como projeto de lei. Ou apresentar ao relator essas propostas para que ele as inclua no texto.
Leia mais! CONGRESSO MANTERÁ PROGRAMA PARA SETOR DE EVENTOS, AFIRMA DEPUTADO JOAQUIM PASSARINHO
O senhor acredita que o governo precisa mudar a forma de lidar com o Congresso para evitar crises como as que vimos recentemente?
O governo está trabalhando de forma errada, achando que o Congresso ainda é o mesmo de 20 anos atrás. O Congresso de lá para cá se empoderou. Hoje, qualquer deputado sabe a força que tem. O deputado não precisa do governo para liberar suas emendas, que são impositivas. Antes, você precisava se ajoelhar ao pé do governo para ter suas emendas liberadas. Agora, o Congresso cada vez mais se apodera do Orçamento.