MDB aposta em Ricardo Nunes para voltar a ser protagonista no Estado

Foto: Instagram/Ricardo Nunes

Apesar da pressão feita pelo PSDB, uma articulação liderada pelo presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), e o ex-presidente da República Michel Temer (MDB), garantiram a permanência do prefeito de São Paulo (SP), Ricardo Nunes (MDB), no partido.

Após a morte do prefeito afastado Bruno Covas (PSDB), o governador de SP, João Doria, passou a atuar para que Nunes, assim como ocorreu com o vice-governador Rodrigo Garcia – que trocou o DEM pelo PSDB – viesse para o ninho tucano. 

Por trás do movimento de Doria está a preocupação com o fato do PSDB ter perdido o comando da maior prefeitura do país após o precoce falecimento de Covas. 

No entanto, prevaleceu os pedidos de Temer e Baleia para que Ricardo Nunes seguisse no MDB. A aposta dos caciques nacionais do partido é que, através da Prefeitura da capital paulista, o MDB retome o protagonismo que já teve em SP. Vale lembrar que o mandato de Nunes irá até 2024, quando poderá buscar à reeleição. 

Durante o regime militar, o MDB era a grande força política do Estado ao lado da ARENA. Diante do desgaste dos militares, no final dos anos 80, o MDB elegeu o governador de SP em três eleições seguidas: Franco Montoro (1982), Orestes Quércia (1986) e Luiz Antônio Fleury (1990). 

Embora o MDB nunca tenha elegido de forma direta o prefeito da capital paulista, em 1983, Mário Covas, então filiado ao partido, foi nomeado prefeito pelo então governador Franco Montoro. Naquele ano, não havia eleições diretas nas chamadas “áreas de segurança nacional”. E Covas foi indicado por Montoro. 

Agora, o MDB retoma o comando da Prefeitura de SP, também sem ter elegido diretamente o prefeito, já que Ricardo Nunes era o vice na chapa vitoriosa de Bruno Covas (PSDB). 

Vale recordar que o PSDB, partido que surgiu de uma dissidência do então PMDB, foi o grande herdeiro desse grande capital eleitoral construído. 

Nas eleições de 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, os tucanos conquistaram sete vitórias consecutivas nas eleições para o governo paulista. Agora, com o desgaste do governador João Doria (PSDB) e as divisões internas no ninho tucano, essa hegemonia do PSDB está ameaçada. 

É de olho nesse cenário que o MDB apostará suas fichas em Ricardo Nunes. Por enquanto, para evitar atritos com o PSDB, mais especificamente com Doria, que foi o responsável pela escolha de Nunes para vice de Bruno Covas em 2020, não haverá mudanças no secretariado. 

É dentro desse movimento de fortalecimento da relação com o MDB que o deputado estadual Itamar Borges (MDB) foi escolhido por Doria como o novo secretário estadual de Agricultura. 

Embora Doria busque fortalecer a relação com o MDB paulista de olho no apoio na campanha presidencial de 2022, quando pretende concorrer ao Palácio do Planalto, o governador precisará superar muitos obstáculos. 

Além da divisão interna no PSDB, que tem o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o senador Tasso Jereissati (CE) também como pré-candidatos, o MDB possui um nome forte para concorrer a governador: o presidente da FIESP, Paulo Skaf (MDB), que ficou em terceiro lugar na eleição de 2018. 

Não bastasse isso, o ex-governador Geraldo Alckmin poderá trocar o PSDB pelo PSD ou pelo DEM, embaralhando ainda mais o tabuleiro, assim como o projeto presidencial de Doria e a pré-candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes. 

Caso Alckmin se filie ao PSD, é cogitada a reprodução da chapa vitoriosa de 2014, que teve o ex-governador Márcio França (PSB) como vice. A reconstrução da chapa Alckmin-Márcio criaria ainda mais obstáculos para Garcia, já que ambos disputariam a mesma fatia do eleitorado. 

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