Lula tenta minimizar danos no RS – Análise

Lula - Foto: Ricardo Stuckert/PR

A decisão do presidente Lula (PT) de não visitar o Rio Grande do Sul, em meio às fortes chuvas provocadas pela passagem de um ciclone extratropical pelo estado, que deixaram 47 mortos até o momento, tem gerado críticas à atuação do governo federal na tragédia climática gaúcha. Mesmo que o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), tenha ido ao estado acompanhado de ministros, faltou o peso simbólico da presença de Lula.

Com o objetivo de minimizar tais críticas, Lula anunciou, na semana passada, a concessão de um empréstimo de R$ 1 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para auxiliar na recuperação da economia gaúcha. Lula também prometeu liberar R$ 600 milhões do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para atender 354 mil trabalhadores. Alckmin, durante sua passagem pelo estado, havia anunciado a liberação de R$ 741 milhões em recursos para as regiões afetadas pelas chuvas.

Lula e a região Sul

A criação dessa agenda positiva representa uma tentativa do governo de evitar prejuízos políticos mais significativos no Rio Grande do Sul. Nas eleições de 2022, o petista perdeu para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado por 56,35% a 43,65% dos votos válidos. Além do Rio Grande do Sul, os outros dois estados do Sul – Paraná e Santa Catarina – também são redutos antilulistas. No Paraná, Bolsonaro venceu Lula por 62,40% a 37,60%. E, em Santa Catarina, a vitória de Bolsonaro sobre Lula foi ainda mais expressiva: 69,27% a 30,73%.

Conforme se observa, dos três estados da Região Sul o Rio Grande do Sul é onde o atual presidente da república teve seu melhor desempenho nas eleições. Por conta disso, Lula, mesmo tendo demorado mais de uma semana para anunciar medidas, busca minimizar danos.

Popularidade de Lula

Evitar um desgaste político maior no Rio Grande do Sul é importante para Lula. Segundo a pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha na última quinta-feira (14), o Sul é a única região do país em que a avaliação negativa (39%) do governo supera a positiva (30%). Como é mais difícil para Luiz Inácio melhorar sua popularidade no Paraná e em Santa Catarina, conter prejuízos no Rio Grande do Sul pode evitar que o Sul do país se consolide como uma região hostil ao presidente.

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