O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu que o comando de sua equipe de transição na área econômica vai mesclar economistas ligados a partidos de esquerda com formuladores do Plano Real em 1994.
Foram indicados para o comando da equipe de transição na área econômica Persio Arida, André Lara Resende, Nelson Barbosa e Guilherme Mello, segundo informação divulgada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), coordenador do grupo.
Lula optou por uma divisão da área entre dois economistas com passagens pelo mercado e histórico liberal (Arida e Resende) e dois representantes diretos do partido (Barbosa e Mello). Os dois últimos defendem a flexibilização de certas regras, como o teto de gastos, para atender principalmente a demandas sociais.
Alckmin disse ainda que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega também deve fazer parte da transição. Além de indicações do PT e de partidos da esquerda, foram confirmados a senadora Simone Tebet (MDB) e nomes atrelados a partidos de centro cortejados por Lula para seu terceiro mandato no Palácio do Planalto, como o PSD de Gilberto Kassab.
Dono de uma bancada considerável no Congresso (terá 42 deputados e 11 senadores em 2023), o PSD emplacou um integrante no conselho político da transição, o deputado federal Antônio Brito, da Bahia.
Adiamento da PEC
Prevista para hoje, a entrega da PEC da Transição, que abre espaço no Orçamento de 2023, foi adiada. O presidente eleito quer primeiro conversar com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o assunto.
Só depois dessas conversas é que ele vai decidir sobre o tamanho exato da proposta e sua formatação. O governo de transição pretende apresentar uma PEC para garantir a continuidade do Auxílio Brasil de R$ 600 (que voltará a se chamar Bolsa Família), e um adicional de R$ 150 para famílias com crianças acima de seis anos, entre outras despesas.
Presidente eleito, Lula preferiu conversar antes com lideranças das duas Casas do Congresso, antes da apresentação do texto. Uma proposta como esta demanda o apoio de maioria expressiva na Câmara (308 de 513 deputados) e no Senado (49 de 81 votos). Arthur Lira foi aliado do presidente Jair Bolsonaro durante as eleições presidenciais e, até agora, não se reuniu com Lula.
A busca de poio para aprovação desta PEC vem sendo costurada por aliados de Lula deve estar condicionada ao apoio do futuro presidente na reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para o comando do Senado. Em relação à disputa pelo comando da Câmara dos deputados, onde Arthur Lira (PP-AL) busca a reeleição, o futuro governo pretende optar pela neutralidade.