O presidente Lula (PT) decidiu expulsar a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matu, nesta quinta-feira (8). A decisão de Lula ocorreu após a conversa nesta manhã com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. A informação foi confirmada pela reportagem do Brasilianista com fontes do governo brasileiro.
A expulsão de Castro Matu acontece logo após o regime de Daniel Ortega ameaçar expulsar o embaixador do Brasil na Nicarágua, Breno de Souza. A expulsão de embaixadores é considerada uma ocorrência grave dentro da diplomacia.
De acordo com informações da agência Reuters, as relações entre os países não estava bem nas últimas semanas. Isso porque a embaixada do Brasil não enviou representantes brasileiros para a comemoração dos 45 anos da Revolução Sandinista em julho, marco histórico do país da América Central.
No entanto, as relações entre a Nicarágua e o Brasil têm se deteriorado nos últimos anos, desde que Ortega prendeu padres e bispos no país. Em resposta à prisão dos representantes religiosos, o governo Lula congelou a relação com a Nicarágua por um ano. Este seria o motivo pelo qual não houve a presença brasileira no evento de comemoração da Revolução Sandinista.
Lula tentava remediar relações entre a Nicarágua e o Vaticano
A prisão dos representantes religiosos colocou Lula em uma posição de mediador entre a Nicarágua e o Vaticano. Após pedido do Papa Francisco pela soltura dos bispos e padres, Lula tentou negociá-la com Ortega, mas sem sucesso. Desde então, as relações entre os dois países começaram a estremecer.
Ortega iniciou uma ofensiva à Igreja Católica em 2022, com a prisão de bispos e padres e a dissolução de ordens jesuítas. A ofensiva ocorreu em razão das críticas que os representantes religiosos faziam ao governo do presidente da Nicarágua.
Ortega é ex-aliado de Lula. No poder há 17 anos, Ortega foi guerrilheiro e lutou para desfazer a ditadura da família Somoza, quando ocorreu a Revolução Sandinista. Contudo, o governo de Ortega tem adotado posições cada vez mais extremas. Conforme o índice V-Dem, que avalia as democracias do mundo, a Nicarágua é uma autocracia, juntamente com Cuba e Venezuela.