Durante a Cúpula do Mercosul realizada no Paraguai nesta segunda-feira (8), o presidente Lula (PT) criticou o que chamou de “nacionalismo arcaico e isolacionista” dos governos da América do Sul. “No mundo globalizado, não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista. Tampouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região”, afirmou.
Lula também destacou que esta é a 19ª Cúpula do Mercosul em que participa como chefe de Estado. Ele criticou a influência de conflitos externos sobre o continente, enfatizando a necessidade de unidade entre os países do bloco econômico. “Nos últimos anos, permitimos que conflitos e disputas, muitas vezes alheios à região, se sobreponham à nossa vocação de paz e cooperação”, disse.
Além disso, Lula também sublinhou a importância do Mercosul como plataforma de inserção internacional e de desenvolvimento. Ele falou sobre o crescimento do comércio entre os países da região, que atualmente somam US$ 49 bilhões e defendeu a atualização do bloco, sem comprometer a estrutura institucional. “É preciso pensar grande, como nossos antecessores ousaram fazer nesta capital há 33 anos. O Mercosul será o que quisermos que seja”, afirmou.
Incorporação da Bolívia ao Mercosul
Lula fez ainda uma defesa a cerca da democracia, mencionando a tentativa de golpe de Estado na Bolívia na semana passada. Ele alertou sobre a ameaça à estabilidade política na região e ressaltou a importância de manter a vigilância contra o que ele chamou de “falsos democratas”.
Sendo assim, o presidente também comentou sobre a incorporação do Estado boliviano como sexto membro do Mercosul, destacando o valor estratégico para a transição energética. “Somos ricos em recursos minerais e possuímos abundantes fontes de energia limpa e barata. Temos tudo para nos tornar um elo importante na cadeia de semicondutores, baterias e painéis solares”, disse Lula.
Por fim, Lula ainda enfatizou, em discurso, a necessidade de liderança dos países da América Latina na discussão sobre o combate às mudanças climáticas, citando as enchentes recentes no Rio Grande do Sul. “Somos o continente com a maior floresta tropical e as maiores reservas de água doce do mundo”, concluiu o presidente.