O encaminhamento das eleições municipais de outubro dependerá de um fator crucial: a criação ou não da Aliança pelo Brasil. O presidente Jair Bolsonaro tenta viabilizar o registro do partido até abril, para que possa concorrer já no pleito de outubro.
Por lei, para oficializar uma legenda é necessário o apoio de eleitores responsáveis por, pelo menos, 0,5% dos votos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, ou seja, 492 mil. Também é preciso obter o aval de, no mínimo, 0,1% do eleitorado em nove estados.
Se a Aliança for criada, deve atrair uma boa quantidade de candidatos. Bolsonaro será um importante cabo eleitoral, em especial nos grandes centros urbanos, já que, conforme identificado por pesquisa CNT/MDA (15 a 18 de janeiro), sua popularidade melhorou. E a tendência continua sendo de alta, considerando que a economia deve crescer entre 2% e 2,5% este ano. Esse fato tende a tornar a Aliança atrativa para muitos candidatos, além de garantir uma boa performance no pleito.
Com sua sigla formalizada e o ex-presidente Lula (PT) em liberdade, a tendência é que a polarização na eleição municipal seja mantida. No centro, não há uma liderança nacional capaz de interferir no processo, a exemplo de Bolsonaro e Lula. Para se ter uma ideia, na pesquisa espontânea da CNT/MDA, Bolsonaro aparece com 29,1% das intenções de voto para presidente, enquanto Lula conta com 17%. Ciro Gomes (PDT), que está em terceiro lugar, tem apenas 3,5%.
De um lado, Bolsonaro trabalha para impor mais uma derrota à esquerda e pavimentar o caminho da sua reeleição. De outro, Lula tentará fortalecer o PT para que continue sendo a maior força da esquerda no país e se mantenha como principal alternativa à sucessão presidencial de 2022. Aliados históricos, como o PCdoB, por exemplo, tentam construir caminhos próprios.
Partidos e candidatos estão, por isso, em compasso de espera. Coligações somente serão formalizadas após a definição em torno da criação ou não da Aliança. Se, eventualmente, o partido não for concretizado a tempo de ir às urnas, Bolsonaro deve reduzir sua participação nas campanhas, com apoios localizados e específicos.
O papel de João Doria (PSDB), governador de São Paulo e hoje um dos nomes mais fortes do tucanato para concorrer à sucessão presidencial, estará bastante limitado ao estado de São Paulo. Em especial, à disputa pela prefeitura da capital paulista.