Dependente do Congresso Nacional para deliberar sobre a sua agenda de cunho liberal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem perdendo espaço na cúpula governista para o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, de acordo com depoimento público do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), na manhã desta quinta-feira (3), após receber de Ramos a proposta da reforma administrativa entregue pelo Poder Executivo.
Segundo Maia, Guedes proibiu sua equipe de secretários de lhe dirigira a palavra e, por isso, Ramos seria o único canal para discutir as pautas econômicas do governo Bolsonaro. Ramos, aliás, chefia a pasta responsável pela articulação entre Planalto e Congresso, e foi nomeado para substituir Carlos Alberto dos Santos Cruz, que tinha pouca desenvoltura para com os parlamentares.
O novo ministro-chefe ganhou a confiança do alto clero e do Centrão da Câmara e do Senado, ao passo que, com a mudança das lideranças dentro das Casas Legislativas levaram Guedes a se desgastar com o Congresso. Agora, com o deputado Ricardo Barros (PP/PR) na liderança do governo na Câmara, em substituição a Major Vitor Hugo (PSL/GO), as pautas de interesse do governo no Congresso tem andado com mais celeridade. Além de Ramos, também ganharam destaque na cúpula do governo Bolsonaro o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, por se alinharem ao pensamento do presidente Bolsonaro e por diminuírem a dependência da relação entre Executivo e Legislativo dos mandos e desmandos de Guedes.
Além disso, a recente fala do ministro da Economia sobre a transformação de dinheiro da saúde em aumento de salário do funcionalismo público ser “um crime contra o país”, ao criticar a derrubada de um veto presidencial sobre o tema pelos parlamentares do Senado Federal, ensejou convite unânime do plenário para prestação de esclarecimentos sobre o conteúdo e teor exato de sua declaração.