Em que pese o compromisso do governo com a pauta reformista, o fato de estarmos em ano eleitoral e de o presidente Jair Bolsonaro precisar melhorar sua popularidade entre os setores de menor renda, a agenda social passará a ser uma prioridade do Palácio do Planalto.
Prova disso ocorreu na semana passada, quando Bolsonaro concedeu um novo reajuste ao salário mínimo, corrigindo a defasagem gerada pela inflação. Com isso, o valor subiu de R$ 1.039 para R$ 1.045. Com o reajuste, o governo, além de minimizar danos à imagem presidencial, se antecipa à correção que, certamente, seria realizada pelo Congresso. A decisão do governo mostra que, apesar do impacto fiscal da medida – estimada em mais de R$ 2 bilhões –, a pauta social tende a sensibilizar Bolsonaro este ano. A preocupação com a área social também se revelou por meio de medidas como o pagamento do décimo terceiro salário para beneficiários do Bolsa Família e o anúncio da contratação de 7 mil militares para auxiliar nos postos de atendimento do INSS, em função das grandes filas nas análises dos pedidos represados de aposentadorias, salário-maternidade e benefícios de prestação continuada (BPC). Nesse cenário, o timing da agenda de reformas, mesmo sendo prioridade, poderá ser impactado. Por ser ano eleitoral, a construção de consenso em temas polêmicos como a Reforma Administrativa, que mexe com o funcionalismo público, e a Reforma Tributária, que afeta estados e municípios, enfrentará mais obstáculos. Mesmo que as reformas venham a andar mais lentamente, a maior sensibilidade do governo com o social ajudará Bolsonaro politicamente, neutralizando o discurso da oposição, em especial o do PT. |