O ministério da Saúde, desde sexta-feira (5) à noite, não informa mais os dados totais de mortes e de casos confirmados de Covi-19 no país. O site da pasta saiu do ar na noite de sexta e só retornou na tarde de sábado (6). A mudança só permite a transparência dos números registrados no último dia.
O Brasil já tem mais de 35 mil mortos pela doença e, nos últimos dias, passavam de mil óbitos diários. Já são mais de 600 mil infectados. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, publicou em sua conta no Twitter que: “A manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários. Tenta-se ocultar os números da covid-19 para reduzir o controle social das políticas de saúde. O truque não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio.”
A Universidade Johns Hopkins, que compila os dados da pandemia de todos os países infectados, afirmou que, por conta da falta de transparência do governo, não irá mais atualizar os valores do Brasil. Na quinta-feira (4), o Brasil superou a Itália em número de mortos pela doença.
Segundo infectologistas, ainda é impossível dizer se o país já atingiu o pico da pandemia, mas é seguro dizer que somos o novo epicentro da doença. O país não implementou nenhuma estratégia de testagem em massa e a inauguração do primeiro hospital de campanha foi três meses após o início da pandemia, nesta sexta-feira (5).
A 1CCR/MPF – Câmara de Direitos Sociais e Fiscalização de Atos Administrativos em Geral do MPF, instaurou um procedimento extrajudicial para apurar as razões da exclusão do Painel de Informações da Covid-19. A pasta teve, a partir de sábado, 72 horas para prestar informações sobre o tema.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou as alterações feitas na divulgação dos dados da Covid-19. Além dele, especialistas e parlamentares reforçaram as críticas. Maia afirmou ainda que a comissão externa da Câmara sobre a pandemia irá se debruçar sobre as estatísticas. “Não se brinca com mortes e doenças”, criticou o parlamentar.