Nesta segunda-feira (8), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu tornar inválidas as condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da 13ª Vara de Curitiba.
Na prática, o habeas corpus coloca Lula de volta à corrida eleitoral, como o favorito do Partido dos Trabalhadores (PT), e da esquerda, para 2022.
Cenários no STF
A decisão de Fachin ainda pode ser questionada e revertida. Informações obtidas pela Arko Advice mostram que a Procuradoria Geral da República (PGR) irá recorrer da decisão.
Com a PGR recorrendo, o caso tem dois destinos possíveis: ou será julgado pela segunda turma do STF ou pelo Plenário, a depender de solicitação do ministro relator.
Se o recurso for para a segunda turma, a decisão de Fachin deve prevalecer, já que o colegiado (formado por Gilmar Mendes, Lewandowski, Cármen Lúcia, Fachin e Nunes Marques) é majoritariamente contra a Lava-Jato.
“Agora, se for para o plenário temos o resultado é mais incerto, mas com tendência de beneficiar Lula”, avalia o cientista político e vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha.
Impacto na corrida eleitoral
Na avaliação da Arko, com a decisão de Fachin, que acaba colocando o ex-presidente Lula de volta na disputa por 2022, os demais grupos políticos de centro e de esquerda que vinham negociando um candidato podem ter que redesenhar sua estratégia.
“A elegibilidade de Lula esmaga o centro que estava dividido entre opções como João Doria (PSDB-SP), Eduardo Leite (RS), Luciano Huck, por exemplo”, analisa Noronha.
“O maior derrotado dessa história é o centro, que ainda não tem uma candidatura, mas pensava em fazer uma frente junto à centro-esquerda. O centro perde essa possibilidade”, concorda Murillo de Aragão, presidente da Arko.
Para os analistas, Lula tem a possibilidade de se fortalecer até 2022 se conseguir centralizar apoios e polarizar a disputa contra Bolsonaro.
O impacto da decisão também é aumentado pela queda recente de popularidade vivenciada por Bolsonaro devido à gestão da crise da Covid-19. A última pesquisa PoderData mostrou o presidente com 31% de avaliação positiva (bom ou ótimo).