Em defesa das instituições

Foto: Divulgação/Grupo Bio Ritmo

As fake news são um problema mundial, que no Brasil ganhou ares pandêmicos. O debate de ideias deu lugar ao ódio cego das redes sociais. Tornamo-nos uma sociedade radical, do nós contra eles. A boa política pede gabinetes de diálogo, não gabinetes de ódio.

Esse esgarçamento moral decorre, em parte, do esgarçamento econômico ocorrido no governo de Dilma Roussef, que nos jogou numa mega recessão. Juntei-me a um grupo de empresários favoráveis a uma alternativa liberal, que acabaria sendo Jair Bolsonaro, a quem não conhecia, nem posso dizer que conheço.

Não fui doador de sua campanha e desde sua posse, à qual não compareci, estive no Palácio do Planalto uma vez. Acompanhava o medalhista Gustavo Borges, presidente da Associação das Academias do Brasil, entidade da qual sou vice-presidente. No mais, dois encontros na Fiesp com um monte de gente.

Não integro rodas palacianas, nem concordo com todos seus pontos de vista. Defendo a agenda econômica com veemência, mas não sua opinião sobre o coronavírus. O distanciamento social é bom, as orientações da OMS são bem-vindas, remédios devem ser discutidos por médicos e a morte não é inexorável. Pode ser evitada com informação e o exemplo de cima.

Vejo figuras enlouquecidas nas redes sociais se agredindo, algumas sustentando posições defensáveis, outras não. O limite do razoável foi superado quando se passou a atacar o Supremo Tribunal Federal, guardião maior da Constituição.

Vieram em seguida os ataques ao estado democrático de direito, na forma de manifestações antidemocráticas pedindo a volta do governo militar e do AI-5, algo inadmissível. O inquérito do Supremo decorre desses exageros. Há algo errado no ar – e realmente precisa ser contido.

No inquérito do Supremo vai ficar claro que não financiei a fabricação nem financiei a divulgação de qualquer fake news. Fiz postagens de Whatsapp criticando a Proposta de Emenda Constitucional 45, que trata da reforma tributária. Critico uma PEC, não uma instituição.

Numa dessas trocas compartilhei um vídeo cuja imagem de rosto, aquela que aparece quando você manda para alguém, é do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O vídeo não é contra Maia, mas contra a PEC 45. Admiro o presidente da Câmara, graças a quem aprovamos reformas como a trabalhista, a do ensino médio, a recuperação das estatais e a previdenciária. Mas a PEC 45 é um problema. Qual seria sua reação se soubesse que o Congresso discute um projeto que vai acabar com seu emprego ou com seu negócio?

As empresas amadurecem quando adotam regras claras. Países não são empresas, mas as nações mais maduras possuem regras claras. Esse conjunto de regras claras é a Constituição. E a força das instituições que a defendem é o que garante a solidez de uma nação.

Pago meus impostos, comando uma organização que segue regras rígidas de compliance, tudo supervisionado por um dos mais exigentes fundos de investimento do mundo, que são nossos sócios. A Smart Fit se tornou uma multinacional brasileira, a terceira maior rede de academias do mundo, a maior fora dos Estados Unidos, com operação em 12 países e 13 mil empregos.

A batalha que travei em Brasília foi essa contra a PEC 45. Ela piora o cenário tributário, elevando brutalmente a carga de vários setores econômicos, entre ele, o setor de academias.

O segredo do nosso negócio é oferecer às pessoas, não importa a faixa de renda, a possibilidade de usar uma academia de qualidade a preços populares. Com a PEC, as mensalidades teriam que subir e esse processo de democratização seria interrompido. Daí os vídeos, firmes na crítica, sem calúnia, injúria ou difamação.

A arena política é para os políticos. Minha vontade é ser um empresário cada vez melhor. Não vou deixar de lutar pelos meus pontos de vista, de forma transparente e verdadeira. Jamais com fake news. Inspirar e expirar é a base do trabalho cardiovascular. Entendo de inspiração e expiração. Não de conspiração.

Edgard Corona é empresário e fundador da Smart Fit

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