Economistas e banqueiros pressionam governo por enfrentamento mais eficaz da pandemia

Médicos fazem treinamento no hospital de campanha para tratamento de covid-19 do Complexo Esportivo do Ibirapuera.

Nos últimos dias, com o agravamento da pandemia no Brasil e o número de mortos beirando a marca dos 3 mil por dia, a pressão sobre o governo aumentou. O diagnóstico de que as estratégias adotadas em nível federal estão sendo ineficazes, que anteriormente vinha dos médicos e dos especialistas em saúde pública, agora já parte de economistas, banqueiros e empresários.

Uma carta aberta assinada por mais de 500 especialistas, incluindo nomes do mercado, que começou a ser repassada durante o fim de semana, recomenda ao governo que coordene nacionalmente o combate à pandemia, implementando medidas de distanciamento social, acelerando a vacinação e que incentive o uso das máscaras, por exemplo.

Além de acadêmicos e banqueiros, assinam a carta ex-ministros da Fazenda, como Pedro Malan, que conduziu a economia durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Também assinam os ex-ministros Marcílio Marques Moreira, Maílson da Nóbrega e Ruben Ricupero.

Além deles, constam na lista cinco ex-presidentes do Banco Central: Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Persio Arida, Ilan Goldfajn e Affonso Celso Pastore.

Nas estimativas dos especialistas que redigiram a carta, se o Brasil manter o ritmo atual de vacinação, levaria mais de três anos para que todos os brasileiros estivessem imunizados.

O texto vai de frente com o discurso defendido por Bolsonaro, que toda quinta-feira, em suas redes sociais, ataca governadores e prefeitos que optaram pelo lockdown.

“O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta a adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de óbitos, aumenta custos em que o país incorre”, dizem os economistas.

“Para maximizar a efetividade das medidas tomadas, é indispensável que elas sejam apoiadas, em especial pelos órgãos federais”, diz o documento sobre as medidas de distanciamento social. “Em particular, é imprescindível uma coordenação em âmbito nacional que permita a adoção de medidas de caráter nacional, regional ou estadual, caso se avalie que é necessário cercear a mobilidade entre as cidades e/ou estados ou mesmo a entrada de estrangeiros no país”.

Confira as recomendações apresentadas pelos economistas ao governo federal e trechos da carta:

1- Acelerar o ritmo de vacinação;

“É imperativo negociar com todos os laboratórios que dispõem de vacinas já aprovadas por agências de vigilância internacionais relevantes e buscar antecipação de entrega do maior número possível de doses”

2- Incentivar o uso de máscaras tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa;

“Países da União Europeia e os Estados Unidos passaram a recomendar o uso de máscaras mais eficientes – máscaras cirúrgicas e padrão PFF2/N95 – como resposta às novas variantes. O Brasil poderia fazer o mesmo, distribuindo máscaras melhores à população de baixa renda, explicando a importância do seu uso na prevenção da transmissão da Covid”

3- Implementar medidas de distanciamento social no âmbito local com coordenação nacional;

“É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das atividades cobertas, cronograma de implementação e duração”.

4- Criar mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional;

“Diretrizes nacionais são ainda mais necessárias com a escassez de vacinas e logo a necessidade de definição de grupos prioritários; com as tentativas e erros no distanciamento social; a limitada compreensão por muitos dos pilares da prevenção,
particularmente da importância do uso de máscara, e outras medidas no âmbito do relacionamento social.”

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