Desgaste do PSDB em São Paulo deixa disputa em aberto no estado

O governador do Estado de São Paulo, João Doria, participa de reunião de secretariado, realizado no Palácio dos Bandeirantes. Local: São Paulo/SP Data: 18/01/2019 Foto: Governo do Estado de São Paulo

A pesquisa divulgada pelo Valor/Ipespe mostra que o PSDB terá uma disputa eleitoral difícil ao Palácio dos Bandeirantes em 2022. Segundo o levantamento, o governo João Doria (PSDB) é avaliado positivamente (ótimo/bom) por apenas 21%. Por outro lado, 48% dos entrevistados avaliam o governo negativamente (ruim/péssimo). E 29% têm uma avaliação regular da gestão Doria.

Conforme podemos ver na tabela abaixo, nos dois cenários testados pelo Ipespe, o PSDB terá pela frente adversários com boa competitividade na busca pelo oitavo mandado consecutivo em São Paulo (SP).

Mesmo que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) apareça bem posicionado nas simulações (ver tabela abaixo), no primeiro cenário, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB) aparecem numericamente à frente de Alckmin. No segundo cenário, Alckmin empata com França e também com Guilherme Boulos (PSOL). Mesmo que o segundo cenário traga o governador João Doria (PSDB), juntamente com Alckmin na simulação, nenhum dos nomes tucanos lidera a sondagem.

CANDIDATOS CENÁRIO 1 (%) CENÁRIO 2 (%)
Fernando Haddad (PT) 20
Márcio França (PSB) 18 17
Geraldo Alckmin (PSDB) 17 17
Guilherme Boulos (PSOL) 16
João Doria (PSDB) 8
Arthur do Val (Patriota) 5 5
Abraham Weintraub (Sem partido) 4 4
Rodrigo Garcia (DEM) 1
Branco/Nulo 29 27
Indecisos 7 6

*Fonte: Valor/Ipespe (05 a 07/04)

 Chama atenção o baixo desempenho de Doria na pesquisa. Mesmo que o governador concorra à reeleição e não dispute a eleição presidencial, enfrentará um cenário bastante adverso. Além do desgaste natural do PSDB de governador SP desde 1995, João Doria está com sua imagem arranhada por conta das medidas restritivas adotadas. Mesmo que Doria tenha a bandeira da Coronavac, por ora, o desgaste político do fechamento das atividades econômicas pesa mais na avaliação da opinião pública que a vacina.

Geraldo Alckmin, por sua vez, mesmo que apareça mais bem posicionado que Doria, sua intenção de voto decorre do recall que possui por ter sido governador três vezes. Assim, independente de quem seja o candidato do PSDB, o partido enfrentará concorrentes de peso pela frente.

Quem está postado como o anti-Doria é Márcio França (PSB), que nas eleições de 2018 perdeu a reeleição para João Doria. O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também é um forte candidato, sobretudo se o ex-presidente Lula (PT) concorrer ao Palácio do Planalto. Nesse cenário, Lula atuaria como um importante cabo eleitoral de Haddad no maior colégio eleitoral do país.

Caso Fernando Haddad não seja candidato a governador e as esquerdas conseguirem se unir em torno de Guilherme Boulos (PSOL), por exemplo, o campo progressista também terá um candidato competitivo na disputa. Temos ainda – embora seu nome não tenha sido incluído na pesquisa – o presidente da FIESP, Paulo Skaf (MDB), que já concorreu a governador em 2010, 2014 e 2018, tendo acumulado um importante recall.

Caso a esquerda tenha Fernando Haddad ou Guilherme Boulos como candidato, o campo progressista tem boas chances de chegar ao segundo turno na disputa ao Palácio Piratini, o que não ocorre desde 2002. O nome mais forte da esquerda é Haddad. Vale recordar que em 2012, na eleição pela prefeitura de SP, Haddad teve 28,98% dos votos válidos no primeiro turno, tendo se elegido prefeito no segundo turno ao obter 55,57% dos votos.

Em 2016, mesmo tendo sido derrotado em primeiro turno no pleito em que buscava à reeleição, Fernando Haddad ficou em segundo turno tendo 16,70%. E em 2018, na eleição presidencial, Haddad obteve 19,70% no primeiro turno e 39,62% no segundo turno. Nos dois turnos, o ex-prefeito ficou em segundo lugar na eleição contra Jair Bolsonaro.

Como a tendência é que a eleição de 2022 ao Palácio do Bandeirantes seja pulverizada, caso Fernando Haddad concorra e conquiste cerca de 20%, percentual que registrou na pesquisa Valor/Ipespe, o ex-prefeito deve estar no segundo turno, principalmente se a esquerda não tiver outro candidato competitivo.

No entanto, vale registrar que desde 2014 o PT registra um importante declínio eleitoral no Estado (ver tabela abaixo). Entre 2010 e 2014, os petistas perderam 22,57% dos votos válidos. Ou seja, mais de 20% do eleitorado paulista deixou de votar em candidatos do PT.

ANO CANDIDATO DO PT VOTOS VÁLIDOS (%) POSIÇÃO 2º TURNO
1982 Lula 10,77 4º lugar
1985 Eduardo Suplicy 11,03 4º lugar Não participou
1990 Plínio de Arruda Sampaio 12,12 4º lugar Não participou
1994 José Dirceu 14,86 3º lugar Não participou
1998 Marta Suplicy 22,51 3º lugar Não participou
2002 José Genoino 32,45 2º lugar 41,36
2006 Aloizio Mercadante 31,68 2º lugar Não participou
2010 Aloizio Mercadante 35,23 2º lugar Não participou
2014 Alexandre Padilha 18,22 4º lugar Não participou
2018 Luiz Marinho 12,66 4º lugar Não participou

 Caso o PT ou Guilherme Boulos chegue ao segundo turno, Márcio França, o candidato do PSDB e Paulo Skaf devem disputar a outra vaga disponível. No entanto, esse prognóstico de hoje não é definitivo e poderá sofrer alterações até o próximo ano.

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