Antes mesmo de se tornar oficialmente um partido, o União Brasil, agremiação a ser criada a partir da fusão entre DEM e PSL, já enfrenta divisões internas. Deputados relatam que existem disputas acaloradas pela presidência de diretórios estaduais. Há relatos de desentendimentos no Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo, onde deputados democratas ameaçam uma debandada. Os embates internos são um obstáculo ao objetivo do União de formar a maior bancada da Câmara em 2022.
Os parlamentares reclamam que as presidências estaduais foram distribuídas sem que os filiados fossem consultados e sem processo de votação. Muitos relatam que decisões importantes do partido chegam até eles por meio da imprensa.
Rio de Janeiro
À Arko Advice, o presidente estadual do DEM no Rio de Janeiro, o deputado federal Sóstenes Cavalcante, disse que não deve integrar o União Brasil caso o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, seja confirmado como presidente estadual do novo partido. Hoje, Waguinho é presidente estadual do PSL. Dentro do DEM, a demanda é que Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, assuma o diretório.
“Waguinho tem toda uma ficha corrida na Justiça. Não tem condições comandar o partido no Rio”, defendeu Sóstenes. Segundo ele, a direção nacional do União tem focado em construir chapas aos governos estaduais e tem deixado de lado o fortalecimento da bancada no Congresso. Sóstenes, que deve liderar a bancada evangélica da Câmara em 2022, avalia migrar para o PL ou para o PP.
Distrito Federal
No Distrito Federal, membros do DEM estão insatisfeitos com a intenção da direção nacional de dar a presidência distrital do União Brasil ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres (PSL).
O deputado Luis Miranda (DEM-DF), que ganhou visibilidade durante a CPI da Covid, já avalia migrar para o Republicanos após ser deixado de lado na decisão sobre o diretório do DF. Sendo o único representante democrata do Distrito Federal no Congresso, ele conta que esperava ser designado para a presidência, o que não aconteceu. Ele reclama que todo o processo de fusão não tem sido discutido com a bancada do partido.
“Quando a notícia da fusão saiu na imprensa, e fomos questionar, disseram que não estava nada certo. Depois soubemos que já tinha até data marcada. Foi uma falta de respeito. Com o União, houve a definição dos presidentes estaduais sem que fossem consideradas as estratégias dos parlamentares”, reclamou. Miranda foi alvo de um pedido de investigação por parte de Anderson Torres e não se entendem desde então.
Além de Torres e Miranda, o ex-deputado Alberto Fraga, nome cotado na disputa ao governo local, também demanda o cargo.