Centrão: de solução a problema – Análise Arko

O líder do Partido Progressista (PP), deputado Arthur Lira, também lidera o maior bloco da Câmara. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A união do Centrão com o governo rendeu bons frutos ao Palácio do Planalto até pouco tempo. No entanto, o que vinha funcionando a favor do governo começa a prejudicar. O processo de obstrução desencadeado pelo bloco partidário vem impedindo a realização de votações na Câmara. Há quase um mês não se vota nada na Casa em função desse movimento, que tem sido acompanhado pela oposição.

Juntos, Centrão e oposição somam cerca de 270 votos, mais da metade dos deputados. Entretanto, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atribui a paralisação dos trabalhos aos aliados do governo. O que não chega a ser exagero, visto que a oposição sozinha não conseguiria impedir votações. O bloco trava uma disputa interna de poder com o grupo liderado por Maia com vistas à eleição à presidência da Câmara, em fevereiro do próximo ano. Mas a batalha mais acirrada no momento é pela presidência da Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Fato é que, a permanecer tal quadro, matérias como a PEC Emergencial, a Reforma Administrativa e outras propostas prioritárias devem sofrer atrasos na tramitação. O impasse em torno da CMO também atrasa o cronograma do Orçamento para 2021. Caso nem a LDO seja aprovada, o governo começará o ano sem autorização legal para efetuar gastos com a manutenção da máquina pública, tampouco investimentos. E caso prospere a ideia de não instalar o colegiado e levar as peças orçamentárias diretamente à votação em sessão conjunta do Congresso, a tensão com o Centrão deve se ampliar, podendo afetar até mesmo a deliberação dos vetos.

Além de matérias importantes represadas na Câmara, como o novo marco legal do mercado de câmbio e o programa de estímulo à navegação de cabotagem, há uma agenda que pode chegar ao exame dos deputados nos próximos dias saída do Senado. A autonomia do Banco Central e outros projetos devem ser votados pelos senadores esta semana e encaminhados para avaliação dos deputados. Também há a possibilidade de que o marco regulatório do gás natural e a atualização da Lei de Falências tenham que retornar à Câmara para uma análise final antes de virarem lei.

Há quem aposte que uma mudança no quadro não deve ocorrer antes das eleições municipais.


*Análise Arko – Esta coluna é dedicada a notas de análise do cenário político produzidas por especialistas da Arko Advice. Tanto as avaliações como as informações exclusivas são enviadas primeiro aos assinantes. www.arkoadvice.com.br

 

Postagens relacionadas

Nesta semana, STF deve julgar regras sobre investigação de acidentes aéreos

Morre Delfim Netto, aos 96 anos; ex-ministro foi um dos signatários do AI-5

Tarcísio deixa viagem após acidente aéreo em Vinhedo

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Saiba mais