Em 2019, 53% dos entrevistados avaliam a gestão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, como ótima ou boa. Levantamento da CNT/MDA (15 a 18 de janeiro) mostra que o combate à corrupção (30,1%) e a questão da segurança (22%) ocupam a primeira e a terceira posições, respectivamente, entre as áreas mais bem avaliadas do governo.
A pesquisa CNT/MDA também indicou que as áreas consideradas prioritárias, para as quais o governo deve convergir suas ações, são: saúde (71,6%); educação (66,5%); e segurança (43,6%).
O quadro revela, portanto, o nível de prestígio de Moro junto à opinião pública e a expectativa da população em relação à sua pasta. Uma eventual saída do ministro poderia repercutir negativamente na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, bem como colocar Moro em definitivo na posição de pré-candidato em 2022.
Bolsonaro demonstra incômodo com o prestígio de Moro e com a possibilidade de que seu ministro decida concorrer à sucessão presidencial. Por outro lado, sabe que não pode abrir mão de sua presença no governo.
Os recentes rumores sobre uma eventual saída de Moro da equipe governamental, após a divulgação da notícia de que o Ministério da Segurança seria recriado e que Moro ficaria apenas com a pasta da Justiça, geraram uma enxurrada de críticas de apoiadores do presidente.
Também foi criticada a possibilidade de o ex-deputado Alberto Fraga comandar o novo ministério no lugar de Moro. A forte reação teria feito Bolsonaro, na primeira entrevista dada na Índia (24), afirmar que a chance de divisão do Ministério da Justiça e Segurança Pública é zero. “Não sei amanhã, na política tudo muda”, ressalvou.
Já o meio político reagiu bem à possibilidade de recriação de um Ministério da Justiça separado do da Segurança Pública. No Legislativo, em especial, são conhecidas as restrições dos parlamentares à atuação do ministro. Eles sabem também que uma eventual saída de Moro do governo traria desgaste para Bolsonaro. Portanto, a saída do ministro agradaria duplamente ao mundo político.
Não foi o primeiro nem deve ser o último episódio de tensão entre Moro e Bolsonaro. Apesar dos atritos, contudo, ambos ainda precisam um do outro. Resta saber até quando.