Nesta semana a bancada do PT na Câmara dos Deputados se reuniu para discutir se embarca ou não no bloco que Rodrigo Maia (DEM-RJ) tenta criar para lançar um candidato à presidência da Casa. O objetivo é fazer frente a Arthur Lira (PP-AL), aliado de Jair Bolsonaro. A decisão da bancada, que ainda precisa ser referendada pelo diretório nacional do partido, é favorável à participação no bloco parlamentar, desde que Maia não seja o candidato a reeleição.
“Não é nada contra Rodrigo Maia, mas a bancada do PT na Câmara tem o entendimento que a reeleição é inconstitucional”, avaliou o líder do partido, deputado Ênio Verri (PR).
De acordo com Verri, a reunião da bancada não definiu quais dos candidatos de Maia seriam apoiados pelo PT e quais não seriam. Estão na disputa pelo apoio de Maia, por exemplo, Luciano Bivar, do PSL (partido com posições diametralmente opostas à do PT) e Baleia Rossi, do MDB (partido que teve papel central no impeachment de Dilma Rousseff).
Deputados do PT consultados pela reportagem antes da reunião da bancada se mostram muito resistentes a seguir Maia caso um desses dois candidatos fosse escolhido para representar o bloco parlamentar. Essa questão será discutida também em reunião da bancada com o diretório nacional, na próxima segunda-feira (7).
O apoio do PT a um candidato de Maia é determinante não só pela sigla ter a maior bancada partidária da Câmara, mas também pela capacidade de influenciar outras siglas de esquerda.
O presidente da Câmara tem trabalhado nas últimas duas semanas para angariar a participação da esquerda em seu bloco parlamentar. No final do mês passado, o presidente da Câmara esteve no Ceará para conversar com o governador Camilo Santana (PT), além de Ciro e Cid Gomes (ambos do PDT) e parlamentares dos dois partidos. Cid saiu da reunião otimista – disse que os dois lados tem interesse em formalizar o bloco parlamentar.
Reeleição
Rodrigo Maia vem dizendo que, mesmo que o STF permita sua candidatura, não tem interesse de disputar a eleição. Contudo, o grupo tem tido dificuldades para se unir em torno de um único nome. Além de Bivar e Rossi, Maia também demonstra que pode apoiar Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Marcelo Ramos (PL-AM), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Elmar Nascimento (DEM-BA). Em reunião na semana passada, o presidente da Câmara jogou no colo dos pré-candidatos a responsabilidade de definir qual deles tem capacidade de reunir mais votos e deve disputar à presidência da Câmara.
Para parlamentares, essa fragmentação pode fazer com que Maia se candidate como forma de unir os grupos.
O Supremo Tribunal Federal inicia o julgamento, na sexta-feira (4), da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 6.524, apresentada pelo PTB contra a reeleição de membros da Mesa da Câmara e do Senado em uma mesma legislatura. O julgamento será concluído no próximo dia 11 e o relator é Gilmar Mendes.