No início de 2019, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, prometeu uma Política Externa voltada aos negócios, à abertura de mercados e à promoção dos produtos brasileiros no exterior. Em seu discurso de posse, assegurou que o Itamaraty iria promover o comércio agrícola, a indústria, o turismo, a inovação, a capacitação tecnológica, e os investimentos em infraestrutura e energia.
Anunciou uma APEX renovada, redinamizada e integrada ao conjunto da estratégia de política externa. Antecipou a criação de um setor de Promoção Comercial dentro do MRE para multiplicar por quatro, a promoção comercial nas embaixadas brasileiras, tornando-as capazes de gerar negócios e ocupar novos mercados para os produtores nacionais.
No entanto, o Itamaraty priorizou a política e, em muitos casos, preferiu envolver-se na guerra ideológica travada principalmente na região. Além disso, Araújo inseriu entre nossas prioridades, a Aliança pela Liberdade Religiosa, tema lançado e promovido pelo Secretário de Estado norte-americano, o evangélico Mike Pompeo. Com a diplomacia voltada para o embate com as forças de esquerda e temas aleatórios, as promessas de mais negócios foram quebradas.
Por outro lado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sob a gestão da engenheira agrônoma Tereza Cristina, tomou para si o desafio de promover o agronegócio brasileiro no exterior. Discreta e focada no trabalho, essa deputada federal de 64 anos, ex-líder da Frente Parlamentar da Agropecuária – composta por 27 senadores, 209 deputados federais e o apoio de mais de 40 entidades do agronegócio – abriu mercados na China, Japão, Arábia Saudita, Kuwait, Egito, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e teve papel destacado nas negociações que culminaram com a assinatura, em junho passado, do Tratado de Livre Comércio entre o MERCOSUL e a União Europeia, emperrado há 20 anos justamente por conta dos temas agrícolas.
Ela também foi a principal responsável por reunir o presidente Jair Bolsonaro com 37 embaixadores árabes, contornando possíveis problemas comerciais por conta da decisão do Brasil de aprofundar as relações com Israel. Os países árabes são alguns dos principais clientes do agronegócio brasileiro. Tereza Cristina conduziu ainda importantes reuniões do BRICS e do MERCOSUL sobre temas agrícolas.
Além disso, participou diretamente da seleção e formação de adidos agrícolas, que terão como principais objetivos, identificar as oportunidades, os desafios e as possibilidades de comércio, investimentos e cooperação para o agronegócio brasileiro. Houve uma expansão da rede de adidos agrícolas de 20 para 25 postos, que cobrem 70% do comércio mundial de produtos agrícolas e 5 bilhões de consumidores em potencial.
Para se ter uma ideia, entre janeiro e novembro de 2019, foram abertos 26 mercados, válidos para produtos diversos, em 16 países, o que representa US$ 9 bilhões em exportações brasileiras. Em 2020, Tereza Cristina acompanhou o presidente Jair Bolsonaro à Índia, mas chegou primeiro, justamente para viabilizar acordos para os produtos do agro.
Não é à toa que o nome de Tereza Cristina é especulado como o ideal para o Ministério das Relações Exteriores.