O presidente Jair Bolsonaro chega à metade de seu mandato bem avaliado pela população. As últimas pesquisas apontam uma avaliação positiva do governo em torno de 40%. O índice “regular” é de 30%. E a avaliação negativa está em cerca de 25%.
A elevada popularidade de Bolsonaro pode ser explicada pela adoção do auxílio emergencial, mas também por sua defesa dos valores liberais e conservadores, que ganharam força na opinião pública. Apesar do respaldo popular que Bolsonaro desfruta neste momento, há riscos para o presidente que não devem ser desprezados.
O primeiro deles é a redução do valor do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300. Segundo reportagens recentes publicadas na imprensa, os setores de comércio e serviços já sentem uma queda no consumo. Paralelamente, a inflação de alimentos segue em alta, elevação percebida pela população. Segundo a última pesquisa CNT/MDA, 90% dos entrevistados avaliaram que os preços estão aumentando muito.
Mesmo que haja previsões de que em 2021 o país pode crescer na faixa de 3%, essa taxa não deve ser suficiente para recuperar as perdas causadas pela pandemia. Como consequência, o desemprego deve continuar elevado. A segunda onda de covid-19, que atingiu a Europa, traz efeitos negativos sobre os mercados e pressiona o Brasil. Não bastasse isso, a pressão por mais gastos sociais deve aumentar, principalmente na área da saúde.
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Também há um ceticismo em relação ao avanço das reformas estruturantes. E o governo sequer consegue prever quando pagará o 13º do Bolsa Família. Ainda é uma incógnita como esses fatores econômicos negativos repercutirão sobre a popularidade de Bolsonaro. O risco de o presidente perder popularidade existe, sobretudo se o governo não conseguir criar fontes de financiamento para o Renda Cidadã a partir de janeiro de 2021.
Aliás, a criação do programa de renda mínima poderá trazer novamente para a agenda o debate sobre a flexibilização do teto de gastos. Afinal, ter o Renda Cidadã ou estender o auxílio ao próximo ano será fundamental para que a popularidade de Bolsonaro não desabe.
A par disso, o governo terá de lidar com o desafio fiscal, já que a dívida pública ultrapassa os 90% do PIB, gerando um foco importante de pressão.
*Análise Arko – Esta coluna é dedicada a notas de análise do cenário político produzidas por especialistas da Arko Advice. Tanto as avaliações como as informações exclusivas são enviadas primeiro aos assinantes. www.arkoadvice.com.br