O instituto Paraná testou três possíveis cenários para a sucessão de 2018. No primeiro, o ex-presidente Lula (PT) aparece folgado na liderança (veja tabela abaixo). Na segunda posição há um triplo empate entre o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e a ex-senadora Marina Silva (REDE).
Numericamente à frente, Bolsonaro teria hoje uma pequena vantagem nesse embate. Apesar de bem posicionada, Marina teria dificuldades para chegar ao segundo turno, pois parte de seu eleitorado pode ainda migrar para Lula. Doria também é competitivo, mas disputa o eleitorado do centro para a direita com Bolsonaro.
Nota-se que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa aparece bem posicionado. Embora diga que não tem a intensão de concorrer à presidente, Barbosa pode ser uma boa opção de vice-presidente para os postulantes ao Palácio do Planalto. Assim como Marina, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) é prejudicado pela presença de Lula, que tira votos importantes do pedetista entre o eleitorado de esquerda.
No segundo cenário, Lula novamente aparece folgado na liderança. Com o candidato do PSDB sendo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Bolsonaro assume a segunda posição. Marina está em terceiro lugar.
O que chama atenção nesse cenário é a baixa intenção de voto em Alckmin (5,7 pontos percentuais a menos na comparação com a simulação em que o candidato do PSDB é Doria) e o fato de Barbosa e o apresentador Luciano Hulk (TV Globo) estarem numericamente à frente do governador. Assim como no primeiro cenário, Ciro tem baixa densidade eleitoral.
No terceiro cenário, com o candidato do PT sendo o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o partido perde sua condição de competitividade. Nessa simulação, Bolsonaro, Doria e Marina dividem a liderança.
Joaquim Barbosa e Ciro Gomes aparecem bem posicionados para a largada de uma corrida presidencial. Nota-se que disputando votos à esquerda com Lula, a ausência do ex-presidente leva Marina e Ciro a crescer em comparação com os cenários anteriores.
Outra informação importante trazida pela sondagem é o fato do ex-técnico da Seleção Brasileira de vôlei Bernardinho, que recentemente trocou o PSDB pelo Partido Novo, despontar com quase 4% das intenções de voto. A ausência de Lula também eleva os índices de brancos, nulos e indecisos, que cresce 7,9 pontos na comparação com os outros cenários.
PSDB e PT com poucas opções
Na conjuntura atual, caso não seja barrado pela Lei do Ficha Limpa por conta de seu envolvimento na Operação Lava Jato, Lula tem boas possibilidades de chegar ao segundo turno. Porém, dada sua elevada rejeição (46,5%), terá dificuldades para vencer novamente uma eleição presidencial se não reduzir esse índice negativo. Sem Lula na disputa, o PT tende a deixar de ser protagonista.
O PSDB, caso não concorra com João Doria, correrá o sério risco de sequer chegar ao segundo turno. Mesmo que aposte na candidatura do prefeito de São Paulo, os tucanos terão pela frente um candidato com potencial eleitoral dada a conjuntura de crise econômica, política e institucional: Jair Bolsonaro (PSC).
Marina Silva (REDE) e Ciro Gomes (PDT) também são atores importantes. Porém, para sonhar com uma ida ao segundo turno, necessitam que Lula esteja ausente da disputa, pois disputam a mesma fatia do eleitorado com o ex-presidente.
Os votos da anti-política
Também chama atenção o espaço disponível para candidaturas da chamada “anti-política”.
No primeiro cenário, a soma dos percentuais de Bolsonaro, Doria, Marina e Barbosa contabilizam 47,4% das intenções de voto. Brancos, nulos e indecisos chegam aos 19,4%.
Na segunda simulação, os índices de Bolsonaro, Marina, Barbosa e Hulk atingem 42,6% das intenções de voto. Brancos, nulos e indecisos somam 18,5%.
E no terceiro cenário, Bolsonaro, Doria, Marina, Barbosa e Bernardinho contabilizam 58,1% das intenções de voto. Brancos, nulos e indecisos somam 28,3%.
Ou seja, temos um espaço aberto para uma candidatura dissociada da política tradicional que em algum momento será ocupado. Hoje, quem capitalizar esse sentimento enfrentaria Lula no segundo turno. Porém, o cenário de 2018 está indefinido e com alto grau de imprevisibilidade, principalmente se considerarmos que o ex-presidente poderá sequer ser candidato, o que deixaria a disputa pelo Palácio do Planalto ainda mais pulverizada.
Veja a continuação desta pesquisa:
PARANÁ PESQUISA (PARTE I): DELAÇÃO DA JBS ABALA IMAGEM DE TEMER
PARANÁ PESQUISA (PARTE II): ELEIÇÕES INDIRETAS TEM BAIXO RESPALDO POPULAR