Os obstáculos de Doria no PSDB

João Doria. Foto: Governo de São Paulo

Apesar dos desgastes que acumula como governador, João Doria (PSDB) afirmou, em entrevista concedida à rádio Jovem Pan na semana passada, que o vice-governador Rodrigo Garcia será o candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes em 2022.

Garcia deixou o DEM no início de maio e se filiou ao PSDB. O movimento foi articulada por Doria para garantir que o partido tenha candidato ao cargo mais importante do Estado, gerando atritos com o grupo do ex-governador Geraldo Alckmin, que também é pré-candidato.

Antes de viabilizar a candidatura de Rodrigo Garcia, João Doria terá o desafio de viabilizar sua vitória nas prévias nacionais do PSDB. Na mesma entrevista em que garantiu que não disputará à reeleição em SP, Doria confirmou novamente que é pré-candidato à Presidência da República.

Nome do PSDB com maior visibilidade no país, Doria é tido hoje como o favorito para vencer as prévias contra o governador do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati (CE), e o ex-prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio. Porém, está sendo costurada nos bastidores uma frente anti-Doria no diretório nacional do PSDB.

Apesar de Doria ser nacionalmente mais conhecido, há dúvidas quanto a competitividade eleitoral do governador paulista. Mesmo sendo o nome do PSDB com maior exposição no cenário nacional, João Doria aparece com apenas 3% das intenções de voto nas pesquisas sobre a disputa ao Palácio do Planalto.

No PSDB, a avaliação é que Doria carrega uma forte rejeição em seu próprio Estado e também enfrenta uma ala silenciosa do partido que prega o PSDB sem candidato próprio em 2022, o que aumentaria os recursos do Fundo Eleitoral para as campanhas legislativas e estaduais e facilitaria a construção de uma aliança de centro com a participação da legenda, mas não necessariamente na cabeça de chapa.

Já os tucanos paulistas apostam na vacina Coronavac como o “Plano Real” de Doria, e acreditam que ele vai subir naturalmente nas próximas pesquisas.

Outro problema para Doria está localizado em SP, caso Geraldo Alckmin saia do PSDB para concorrer a governador, o que traria obstáculos não apenas para o projeto de poder do partido no Estado, mas também no país.

Como o diretório estadual é controlado por João Doria, a possibilidade de Rodrigo Garcia derrotar Geraldo Alckmin é considerável. Como Alckmin quer concorrer novamente a governador, precisaria trocar de legenda.

Vale recordar que Alckmin perdeu espaço no PSDB desde que João Doria passou a dominar as instâncias partidárias. Caso saia do PSDB, o mais provável é que o ex-governador não defina agora seu futuro partidário.

Partidos como DEM e PSD desejam contar com Geraldo Alckmin. Rompido com Doria desde que Rodrigo Garcia se filiou ao PSDB, o presidente nacional do DEM, ACM Neto, aposta em Alckmin para dar o troco em Doria e atrapalhar suas pretensões políticas.

Embora não rivalize com Doria como Neto, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, aposta em Alckmin para ter um candidato competitivo no maior colégio eleitoral do país. Sendo Alckmin candidato pelo PSD, existe a possibilidade da dobradinha com o ex-governador Márcio França (PSB) ser reeditada.

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