Convenção nacional tenta mostrar um “novo PSDB”

Divulgação/PSDB

A convenção nacional do PSDB, realizada em Brasília (DF) na última semana, elegeu o ex-ministro Bruno Araújo (PSDB-PE) como o novo presidente nacional do partido. Seu mandato será de dois anos. Além de marcar uma transição geracional no ninho tucano, a chegada de Bruno Araújo ao comando do PSDB representa uma vitória do governador de São Paulo, João Doria, que desponta como a maior liderança da legenda atualmente.

Em seu primeiro discurso como presidente, Bruno Araújo emitiu sinais de que o PSDB será diferente daqui para a frente. Ele afirmou que “o partido pagou algum preço por suas hesitações no passado”. E acrescentou que o PSDB possui agora a missão de “assumir compromissos firmes”. No seu entendimento, o primeiro teste será em relação à Reforma da Previdência.

O novo presidente da sigla prometeu que o PSDB vai analisar o fechamento de questão na votação da Previdência. E que a sigla terá um posicionamento ao centro e de independência quanto à gestão Bolsonaro. Além dos sinais de que teremos um PSDB com posição definida, a convenção confirmou que Doria é visto como pré-candidato ao Planalto em 2022. Ao chegar à convenção, o governador foi recebido aos gritos de “Brasil pra frente, Doria presidente”.

Outro sinal importante foi a ida do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao evento. Ele chegou com Doria, reafirmando a aproximação entre eles. Sua presença aponta para uma tendência de manutenção da parceria nacional entre PSDB e DEM, que vigora desde as eleições presidenciais de 1994.

Em que pese o protagonismo de Doria no PSDB, o clima interno ainda é de divisão. Os aliados do governador vestiam camisa com a frase “Novo PSDB”. Já os chamados tucanos históricos, que têm no ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e no ex-presidente FHC seus principais expoentes, questionavam nos bastidores a ideia de renovação no partido.

Outro sinal da insatisfação dos históricos com a pregação do “Novo PSDB” foi a afirmação de FHC de que “o partido pode mudar de nome, mas o propósito não pode mudar”. Mesmo com tais divergências, o PSDB caminha para mudanças de perfil. Além do grupo liderado por Doria ter saído vitorioso das eleições do ano passado, o grupo histórico vem de cinco derrotas consecutivas em eleições presidenciais (2002, 2006, 2010, 2014 e 2018).

Nessa transição, há incógnitas sobre o futuro do PSDB, tais como:

  • O partido assumirá a liderança da construção de uma nova força de centro?;
  • A modificação em relação à posição de centro-esquerda da fundação do PSDB de 1988 provocará uma racha interno?

As respostas a tais questionamentos serão decisivas não apenas para a manutenção do partido como protagonista na política nacional, mas também para avaliação da capacidade do centro de construir consensos e ocupar um espaço vago na atual polarização entre bolsonarismo x antibolsonarismo.

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