No primeiro ano do governo Bolsonaro, o presidente deixou clara a sua opção por uma parceria contundente com os Estados Unidos de Donald Trump. Chegou a indicar o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, para o cargo de embaixador do Brasil em Washington. Diante do desgaste interno, recuou, mas o objetivo principal se manteve. No entanto, 2019 não foi um ano de colheita. O Brasil viu os Estados Unidos respaldarem a entrada da Argentina na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em detrimento do Brasil, e teve de lidar com o embargo à carne bovina brasileira e as ameaças de imposição de tarifas para o alumínio e o aço.
Nesta semana, o ano político começa com o retorno do Congresso às atividades. Nas relações do Brasil com os Estados Unidos, 2020 tem sido mais promissor. Já estiveram por aqui visitando o Brasil recentemente a secretária adjunta do Departamento de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Carrie Filipetti, o administrador adjunto para América Latina e Caribe da USAID, John Barsa, e o administrador da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, Andrew Wheeler.
Entre 1º e 3 de fevereiro, o secretário de Energia dos Estados Unidos, Dan Brouillette, participa, junto com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, do Fórum de Energia Brasil – Estados Unidos, no Rio de Janeiro. Trata-se de um mecanismo bilateral criado para fortalecer a cooperação energética entre os dois países no que tange a assuntos técnicos, regulatórios e políticos de interesse mútuo, bem como discutir os desafios críticos para o comércio e os investimentos bilaterais em energia.
Este ano teremos ainda o IV Diálogo da Indústria de Defesa Brasil – Estados Unidos, o primeiro após Washington designar o Brasil como aliado militar preferencial do país fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Além disso, o encontro será realizado com o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, firmado em março de 2019, já em vigor.
Para este ano, constam da agenda bilateral temas como o acordo de livre comércio, a cooperação regulatória, o acordo para evitar a bitributação, as boas práticas regulatórias, o acordo de investimentos, a propriedade intelectual, o global entry, o Brasil na OCDE, o acordo de facilitação de comércio e o estabelecimento de mecanismos bilaterais de seguimento em áreas estratégicas, tais como comércio e investimentos, defesa e segurança, energia, agricultura e infraestrutura.
Do ponto de vista político, os Estados Unidos continuarão pressionando o Brasil para que adote medidas mais duras contra o regime venezuelano. Em contrapartida, Washington anunciou, na terça-feira da semana passada (28), a liberação de US$ 4 milhões para o programa de integração econômica dos venezuelanos em situação vulnerável no Brasil.
Washington quer reforçar ainda a cooperação em matéria de inteligência, tendo em vista a presença da milícia libanesa Hezbollah na Venezuela e na região da Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil, Paraguai). O combate ao crime organizado transnacional é outra prioridade norte-americana para a região, com especial atenção para o Brasil e as redes de narcotráfico que envolvem a dissidência das Forças Armadas Revolucionárias (as Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), ambos da Colômbia e ambos remanescentes do movimento peruano Sendero Luminoso, e o Exército do Povo Paraguaio (EPP).