Embora o senador Aécio Neves (PSDB-MG) lidere os cenários em que aparece como candidato à disputa presidencial de 2018, a novidade trazida pela mais recente pesquisa Datafolha é que a ex-senadora Marina Silva (Rede), terceira colocada nas eleições de 2010 e 2014, representa uma ameaça tanto para Aécio quanto para o ex-presidente Lula (PT). Na simulação mais provável hoje para 2018 (cenário 1), Marina aparece tecnicamente empatada com Lula na disputa por uma vaga no segundo turno, podendo impor ao ex-presidente uma grande derrota. Nos cenários em que o candidato do PSDB é o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Marina assume a liderança na corrida eleitoral, deixando Lula em segundo lugar (ver tabela abaixo).
Quando se comparam os cenários 1 e 2 com os números do levantamento de junho, nota-se que Marina Silva é quem está ganhando com a atual crise. No cenário 1, Aécio cai de 35% para 31%; e Lula, de 25% para 22%; enquanto Marina cresce de 18% para 22%. No cenário 2, Marina cresce de 25% para 28%; Lula cai de 26% para 22%; e Alckmin, de 20% para 18%.
Também foram testados nomes do PMDB: o vice-presidente da República, Michel Temer, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Apesar da grande estrutura partidária do PMDB em todo o país, tanto Temer quanto Paes apresentam baixa densidade eleitoral.
Um dado que chama a atenção diz respeito ao nível de rejeição aos possíveis candidatos. Hoje, 47% dos entrevistados afirmam que “não votariam de jeito nenhum” no ex-presidente Lula, percentual bem acima dos demais candidatos: Aécio (24%), Temer (22%), Alckmin e Marina (17%).
Num eventual segundo turno, o melhor candidato para o PSDB enfrentar é Lula. Seja Aécio ou Alckmin o representante tucano, o partido venceria o PT hoje (ver os cenários 1 e 2).
Porém, quando a adversária de Aécio, Alckmin e Aécio é Marina, tucanos e petistas são ameaçados. A ex-senadora aparece tecnicamente empatada com Aécio (cenário 4), venceria Lula (cenário 3) e também Alckmin (cenário 5).
Postada no tabuleiro como terceira via e vista como uma representante dissociada do sistema político tradicional, Marina se beneficia da atual crise política. Com o PT e o ex-presidente Lula atingidos pela crise e o PSDB ainda sem uma agenda propositiva de país, a ex-senadora desponta como o nome mais forte à polarização entre petistas e tucanos.
Cai a desaprovação ao governo Dilma
Embora o governo Dilma Rousseff continue amplamente rejeitado pelos entrevistados (ver tabela abaixo), houve uma redução na desaprovação (“ruim”/”péssimo”) entre agosto e novembro. Nesse período, o percentual negativo registrou uma queda de cinco pontos. Os índices positivos (“ótimo”/”bom”) e “regular” oscilaram positivamente dois pontos cada.
A elevada rejeição ao governo Dilma pode ser atribuída à Operação LavaJato, que continua atingindo lideranças importantes do PT, e ao pessimismo com relação à economia. Segundo o Datafolha, 77% dos entrevistados entendem que a inflação aumentará no próximo período. Também há pessimismo com o emprego: 76% dizem que haverá aumento de desemprego.
Chama a atenção que 65% dos entrevistados são favoráveis à abertura de um processo de impeachment para afastar a presidente Dilma Rousseff, enquanto 30% são contrários. Porém, 56% dos brasileiros dizem que Dilma não deve ser afastada do cargo. Já 36% são favoráveis ao seu afastamento. Entretanto, 62% dizem que a presidente deve renunciar (34% afirmam que não).
Como a Operação Lava-Jato continuará tendo desdobramentos e como o pessimismo com a economia deve continuar elevado, a tendência é que a popularidade do governo permaneça baixa.