O processo de transição de governo no Uruguai começou nesta segunda-feira (2). O resultado dessas eleições, vencidas pelo candidato de centro-direita Luis Lacalle Pou, deixou exposta a divisão do país. Entre os 2,4 milhões de cidadãos uruguaios que compareceram às urnas, 1.189.313 votaram em Lacalle Pou e 1.152.271 optaram por Daniel Martínez, da coalizão de esquerda Frente Ampla, há 15 anos no poder. A diferença entre os dois candidatos foi de pouco mais de 37 mil votos.
Lacalle Pou venceu a eleição em 17 dos 19 estados do país. Ele perdeu apenas em Montevidéu e Canelones, dois estados vizinhos que concentram cerca de 52% da população.
Em seu discurso após a vitória nas eleições presidenciais do Uruguai, Luis Lacalle Pou falou como pretende fazer a sua política internacional, principalmente com os países da América do Sul. O novo presidente uruguaio enfatizou querer que o Mercosul volte a ser forte e que não há mais espaço para ditadores no continente.
O presidente eleito já anunciou que levará alguns dias para definir todos os seus ministros. No entanto, há quatro cargos já definidos: Azucena Arbeleche, no Ministério da Economia; Pablo da Silveira, na Educação; Pablo Bartol, no Ministério do Desenvolvimento Social; e Ernesto Talvi, nas Relações Exteriores. Alguns ministérios ainda não foram anunciados oficialmente, mas a imprensa no Uruguai já adianta nomes como Javier García, que deve assumir a Defesa; Jorge Larrañaga, para o Ministério do Interior; Luis Alberto Heber, no do Transporte; e Pablo Mieres para o Trabalho.
Em uma entrevista concedida ao El País, Ernesto Talvi, o futuro chanceler, afirmou que apostará em um Mercosul moderno e flexível, e disse acreditar que o Uruguai, como um país pequeno entre dois gigantes, pode mediar a relação entre Brasil e Argentina.
Em relação ao Mercosul, Talvi afirmou que buscará conquistar flexibilidade para acordos bilaterais, ou seja, conseguir mudar as regras para que os países possam firmar acordos sem ter, necessariamente, o aval de todos os países do bloco. Talvi disse ainda que acredita que o Mercosul poderia iniciar negociações com os Estados Unidos e com a China.